Dia desses, me deparei com o livro do Rubem Alves, e seu curioso título: “Ostra Feliz não faz pérola”. É incrível a conexão entre esse título e o momento de superação e transformação pelo qual nós e nossos negócios estão passando.
Segundo conta o autor: “A ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofre. Sofrendo, a ostra diz para si mesma: ‘Preciso envolver essa areia pontuda que me machuca com uma esfera lista que lhe tira as pontas…. Ostras felizes não fazem pérolas…pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor”
É interessante que no ecossistema de inovação, principalmente quando se estuda o movimento das startups, a questão entre dor ou problema e a partir disso a criação de uma solução é algo sempre lembrado em qualquer livro, palestra ou pitch, a apresentação curta que as startups normalmente realizam para se apresentar à investidores e ao seu mercado.
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As boas startups normalmente acabam sendo aquelas que não somente conseguem entender melhor as dores de seu mercado, mas conseguem desenvolver e principalmente entregar uma solução que minimize ou resolva à essa dor ou problema.
É certo que a pandemia foi o “grão de areia” em nossos negócios, trazendo uma nova realidade incômoda, desconfortável, mas que muitas empresas, após o baque inicial de questões como restrições e queda de movimento, tem conseguido aos poucos superar os desafios, inovar e criar suas próprias “pérolas”.
As “pérolas”, ou seja, a soluções que foram criadas para a comunicação, venda e divulgação de produtos e serviços que levavam anos sendo discutidas em salas de reuniões, planilhas e apresentações em PowerPoint, foram criadas e colocadas em prática em questão de semanas, ou em alguns casos, apenas alguns dias.
Descobrimos o poder da resiliência nos negócios, que deixa de ser um adjetivo de inspiração ou algo a ser buscado, para ser uma das principais forças de qualquer negócio que busque perenidade.
Por conta dessas pérolas, vale lembrar que muitas empresas sairão da pandemia mais fortes, mais ágeis e digitalizadas, acompanhando o novo modelo de comportamento de seus clientes, e buscando uma eficiência e uma busca por resultados ainda maior. É certo que se por um lado as empresas ou até mesmo segmentos inteiros de mercado que não souberam se estruturar ou inovar vão acabar sendo esquecidos ou substituídos pelo caminho, de outra maneira, teremos novos gigantes surgindo.
E se passar pela dor da transformação ainda é algo que crie resistência nas empresas, parafraseando novamente o autor, me veio outra de suas célebres citações:
“Milho de pipoca que não passa pelo fogo, continua sendo milho de pipoca. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito, a vida inteira”
E se no caso do texto e realidade que vivíamos antes da pandemia passar pelo fogo ainda podia ser algo opcional para os negócios, dado o novo contexto, é um rito obrigatório.
Use a pandemia para virar pipoca!
* Imagem reprodução