O conglomerado de marcas de luxo LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE fechou um acordo para comprar a joalheria americana Tiffany & Co. O valor da transação é de US$ 16,2 bilhões ou US$ 135 por ação. Esta é uma aposta para a LVMH restaurar o brilho da Tiffany.
A aquisição em dinheiro é uma das maiores já registradas pelo conglomerado francês conhecido por suas negociações difíceis e supera seu contrato de US$ 13 bilhões para a compra da Christian Dior em 2017.
O anúncio chegou para encerrar um mês de especulação, depois que vazaram relatos em outubro de que a LVMH havia se aproximado da famosa joalheira. O conglomerado ofereceu inicialmente US$ 14,5 bilhões pela Tiffany, mas a empresa disse que a oferta era muito baixa.
Para Jean Paul Rebetez, sócio-diretor da GS&Consult, a compra da Tiffany pelo grupo LVMH faz todo sentido e permitirá a injeção de capital na empresa. “O grupo é o maior de varejo de luxo, premium do mundo. Atua com diversos segmentos, como bebidas, joalheira, acessórios, moda, etc. A Tiffany é um nome mais que centenário, com uma reputação única, um potencial de crescimento gigante, herança, um público absolutamente qualificado e desejado”, afirmou.
Não foi a primeira vez que a LVMH – a segunda empresa mais valiosa da Europa, com um valor de mercado superior a 200 bilhões de euros – fixou os olhos na Tiffany. O conglomerado teria manifestado interesse na joalheira antes da aquisição da Bulgari em 2011 – o último grande investimento da LVMH em luxo pesado.
A famosa marca americana resistiu à aquisição por anos, mas como uma das poucas joalherias independentes mundiais que ainda existem no mercado, os analistas há muito especulam que ela seria uma meta atraente, embora cara.
Mas a Tiffany está sofrendo com um momento difícil ultimamente. A joalheria americana está enfrentando uma demanda fraca no país e no exterior e provavelmente precisará de investimentos pesados para renovar sua marca e seus negócios.
A marca está atualizando sua experiência na loja e contratou recentemente a ex-presidente-executiva da Barneys, Daniella Vitale, para reposicionar sua identidade de marca. Enquanto a empresa continua a crescer na China, ela tem lutado para conquistar os consumidores da geração Y e da geração Z no Ocidente, à medida que os jovens compradores se afastam dos dons e aquisições tradicionais baseados em ocasiões, aumentando sua popularidade. No primeiro semestre de 2019, as vendas líquidas mundiais da Tiffany caíram 3%, para US$ 2,1 bilhões.
O acordo fará com que a LVMH tenha influências financeira e de mercado substanciais, ajudando a apoiar os esforços de transformação em andamento da Tiffany. Ao mesmo tempo, aumenta a presença da empresa francesa no mercado dos EUA.
O acordo também permite à LVMH ganhar mais terreno no conglomerado suíço Richemont, que há muito domina o mercado de joalherias de luxo com a propriedade da Cartier e da Van Cleef & Arpels. A joalheria foi uma das categorias de luxo com melhor desempenho em 2018, de acordo com a Bain & Co., que prevê que o mercado global de US$ 20 bilhões crescerá 7% este ano.
Para Rebetez, Bernard Arnault, CEO do grupo LVMH, tem uma grande visão comercial. “Mais do que tudo isso, o Arnauld, tem uma visão única de tornar o luxo muito comercial. Ele sabe trabalhar com luxo, a ponto de entender como funciona e quais os mecanismos que é possível comercializar em grande escala. O luxo na mão do Sr. Arnauld não fica restrito simplesmente à exclusividade, a poucos pontos de venda. Ele consegue pegar o produto e a marca de luxo e expandir ganhando relevância”, analisou o executivo.
“Essas são boas notícias e, de certa forma, esperadas”, disse Luca Solca, analista da Bernstein. O acordo tem um preço um pouco acima das expectativas, mas “ainda são boas notícias para ambas as bases de acionistas”.
O acordo deverá ser firmado em meados de 2020, estando sujeito à aprovação dos acionistas da Tiffany.
Com informações do site The Business of Fashion
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