Após as restrições impostas pela pandemia de covid-19, bares e restaurantes seguem em recuperação, mas 72% encontram algum tipo de dificuldade na contratação de funcionários. Entre os principais desafios, 73% revelaram que há falta de candidatos qualificados, 44% notaram a falta de candidatos interessados por tais vagas, 34% dos candidatos escolhidos acabam não aceitando devido ao horário de trabalho oferecido e 26% não aceitam por conta do salário oferecido.
Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), em parceria com a consultoria Galunion, especializada no mercado de foodservice, e com o Instituto Foodservice Brasil (IFB). Foram ouvidos executivos de 817 empresas de todo o País, que representam cerca de 14 mil estabelecimentos.
Segundo a pesquisa, 43% dos negócios continuam com um quadro de funcionários igual antes da pandemia, enquanto 37% estão com um quadro inferior e 20% com mais funcionários em relação ao pré-pandemia. Entre os 37% que estão com menos funcionários, os principais motivos citados foram: necessidade de ajuste por conta de vendas menores (38%), revisão geral das atividades e da escala de pessoal (33%) e uso de tecnologia no momento do pedido do consumidor (12%).
“As soluções tecnológicas em bares e restaurantes vem crescendo a cada ano, principalmente em marcas que investem constantemente em inovação para melhorar a operação, o atendimento ao consumidor, a entrega do produto ou refeição e a experiência em toda a jornada de compra”, afirma a CEO da Galunion, Simone Galante.
Simone destaca ainda que os estabelecimentos pretendem continuar investindo em aplicativos, ferramentas, softwares, hardwares e sistemas nos próximos dois anos. Entre os mais citados estão soluções para o relacionamento com o cliente (67%), gestão do negócio no ponto de venda (61%) e otimização de compras e abastecimento (58%).
Delivery continua em alta
O delivery continua se destacando entre os consumidores que possuem uma rotina híbrida no ambiente profissional. Das empresas que participaram do levantamento, 89% atuam neste canal e 47% revelaram que a modalidade é lucrativa. Outros 24% disseram que talvez seja lucrativo, 18% afirmaram que não dá lucro e nem prejuízo, 6% enxergam como talvez não lucrativo e apenas 5% acham que é certamente não lucrativo.
Uma das tendências que alavancou os pedidos via delivery foi o surgimento de marcas virtuais, que não contam com um ponto físico para efetuarem as vendas. Esse modelo de negócio deve continuar crescendo, já que 27% pretendem desenvolver mais marcas 100% virtuais, 38% já possuem uma ou mais marcas neste formato e 39% não têm marca 100% virtual, mas pretendem ter.
“Dos impactos que ficarão pós pandemia, a comunicação com o cliente via mídias sociais e aplicativos é fundamental e não pode ser impessoal, a grande inovação é a personalização, não importa se você não está cara a cara com o cliente, as relações humanas permanecem. Além disso, a adoção de tecnologias para a melhoria dos processos de vendas, tempo de atendimento e eficiência devem permanecer, mas sempre com foco no cliente”, afirma Paulo Camargo, presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB).
Atrair o consumidor
Para analisar melhor o comportamento do consumidor, a pesquisa quis saber se o cliente voltou a frequentar estabelecimentos e consumir no mesmo nível que antes da pandemia: 51% afirmaram que sim enquanto 49% que não.
Entre as principais ações para mudar esse cenário estão lançar produtos com novos sabores e texturas, com 57% das intenções; focar em promoções, ofertas do dia e ações de valor, com 52%; lançar produtos sazonais, frescos ou artesanais, representando 27%; e lançar produtos gostosos e indulgentes, para 26%.
Um dos entraves para grande parte dos estabelecimentos que atuam no setor de alimentação é a alta da inflação. “O fato é que nosso setor ainda sofre as consequências da pandemia, com praticamente metade das empresas ainda endividadas, o que certamente afeta o crescimento. Também tem sido muito difícil planejar em cenário de alta generalizada dos preços, que impacta diretamente nossos custos, de aluguéis a produtos”, afirma Fernando Blower, diretor executivo da ANR.
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