O Latam Retail Show trouxe um painel sobre as principais dificuldades que as empresas enfrentam para implantar uma estratégia omnichannel. Os participantes foram Marcelo Toledo, diretor de Engenharia do Nubank e Marcelo Nogueira, diretor de Vendas e Trade Marketing da Via Varejo. O bate-papo contou com a curadoria de Jean Paul Rebetez, sócio-diretor da GS&Consult.
Para abrir a conversa, Jean falou sobre a importância de pensar estrategicamente, escolher o que é mais relevante para o consumidor e para o negócio como um todo. “Simplesmente colocar uma tecnologia, sem analisar se é o que o consumidor deseja não é inteligente. Não é uma estratégia omni”, esclareceu.
Jean também destacou a dificuldade que muitos negócios tradicionais enfrentam para inovar, pois possuem estruturas mais engessadas. “As empresas tradicionais vivem com dilemas o tempo todo, apagando incêndio. As novas estruturas empresariais são horizontais, tem pequenas equipes, são multidisciplinares, isso facilita o surgimento de novas ideias”, explicou Rebetez.
Nogueira contou que implementar pequenas soluções pode ser o melhor caminho “O conjunto de pequenos saltos pode ser uma grande transformação”, falou o executivo. Ele também comentou a necessidade de aprender a usar a tecnologia. “Ela será muito importante e trará uma grande revolução, mas ainda temos muito a aprender sobre a melhor forma de usá-la. Hoje, a tecnologia ainda tem uma aura de diversão”, disse.
O diretor da Via Varejo destacou a importância das pessoas no processo de evolução e inovação “Precisamos de suporte para trazer as mudanças, usar a tecnologia da melhor forma”, falou Nogueira.
O executivo destacou que neste cenário o papel do vendedor mudou: “É muito legal o cliente ir à loja, olhar o produto, dizer que vai pensar e comprar pelo app. Mas o vendedor pensa “E eu?”. É preciso repensar os modelos de incentivo e o papel de cada um dentro deste novo modelo”.
Toledo contou a história do surgimento do Nubank. Tudo começou quando o americano Edward Wible veio viver alguns meses no Brasil e enfrentou enormes dificuldades para abrir uma conta bancária. “Ele ficou preso na porta. Depois, quando foi abrir a conta com a gerente, o deixaram esperando porque ela estava almoçando. Quando ela finalmente chegou, informou que naquele local ele não poderia abrir a conta”. Wible pesquisou o setor bancário no Brasil e viu que os bancos têm lucros altíssimos e são lideres em reclamações. “Formamos nossos quatro pilares, mas ainda não sabíamos o que seria o nosso negócio”, falou Toledo.
Quando finalmente foi lançada, a empresa se desenvolveu por recomendação. “Nosso marketing foi basicamente boca-a-boca. O que mais ouvimos no começo foi que nossa ideia era impossível, que não entendíamos o sistema bancário brasileiro. Hoje, as pessoas nos elogiam pelo Twitter. Nunca imaginei que pudessem amar uma empresa de serviço financeiro”, contou o executivo.
(Foto: Terassan Fotografia)