Mesmo com o afrouxamento das medidas de isolamento social e a reabertura de estabelecimentos, o consumo em restaurantes registrou queda de 25,7% no valor total gasto, acompanhado por uma retração de 45,6% no volume de transações realizadas com benefício refeição, em comparação a setembro de 2019.
Os dados são de pesquisa feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com a Alelo, e mostram os impactos da Covid-19 a partir dos Índices de Consumo em Supermercados (ICS) e dos Índices de Consumo em Restaurantes (ICR), com base nas transações diárias realizadas em setembro de 2020. As informações são obtidas a partir do uso dos cartões Alelo Alimentação e Alelo Refeição em todo território nacional.
Apesar dos dados ainda negativos, o número de estabelecimentos comerciais que efetivaram transações em setembro de 2020 foi apenas 2,9% inferior ao registrado no mesmo mês de 2019. Assim, os últimos resultados reforçam um quadro de recuperação incremental do volume e do valor consumido nesses locais. Exemplo desse progresso pode ser constatado na evolução do valor consumido desde o início da pandemia, em relação ao mesmo mês de 2019: -49,7% (abril), -39,2% (maio), -33,7% (junho), -28,0% (julho), -26,8% (agosto) e -25,7% (setembro).
“Aos poucos, com a maior flexibilização das medidas de restrições sanitárias, o consumo em restaurantes e em outros estabelecimentos começa a se restabelecer. Mesmo que os resultados ainda estejam menores em relação ao período anterior à pandemia, se colocarmos em perspectiva os valores registrados em seu início, perceberemos o impacto positivo da reabertura e retomada das atividades desse segmento”, afirma Cesario Nakamura, presidente da Alelo. “Ainda que de modo comedido, os consumidores estão trazendo de volta os hábitos de consumo anteriores.”
Supermercados têm alta
Já o consumo em supermercados teve um aumento de 1,3% no valor total gasto no mês, em comparação a setembro de 2019. Foi notado um crescimento similar no número de estabelecimentos que realizaram transações utilizando como meio de pagamento o benefício alimentação no período (+1,2%). Por outro lado, os dados de setembro de 2020 ainda sustentam uma queda de 12% no volume de transações realizadas, em relação ao mesmo mês do ano passado.
Segundo os pesquisadores da Fipe, quando comparados aos meses anteriores, os resultados mostram uma estabilização do quadro de consumo no segmento de supermercados. Tal diagnóstico evidencia que o principal impacto da pandemia sobre esses estabelecimentos acontece por meio da redução do volume de transações, em paralelo à elevação do valor gasto – comportamento provavelmente associado à maior demanda para abastecimento doméstico com itens utilizados para o preparo das refeições.
Vale destacar que os Índices de Consumo em Supermercados (ICS) acompanham as transações realizadas em estabelecimentos como supermercados, quitandas, mercearias, hortifrútis, sacolões, entre outros; e os Índices de Consumo em Restaurantes (ICR) focam na evolução do consumo de refeições prontas em estabelecimentos como restaurantes, bares, lanchonetes, padarias, além de serviços de entrega (delivery) e retirada em balcão/para viagem (pick-up).
Dados regionais
Em termos regionais, a análise dos resultados do estudo revela que os efeitos da pandemia continuam se distribuindo de forma heterogênea sobre as unidades federativas, refletindo a descentralização e as diferenças temporais entre os processos de fechamento e abertura das economias locais, bem como a interiorização da pandemia.
Adotando como parâmetro o valor gasto em restaurantes, é possível evidenciar que as regiões mais impactadas negativamente em setembro foram a Sudeste (-26,0%) e Sul (-25,5%), contrastando com os menores impactos observados nas regiões Norte (-19,1%) e Centro-Oeste (-23,9%). Já o consumo na região Nordeste ocupou posição intermediária no ranking, com variação de -24,1%.
Individualmente, as unidades federativas que registraram os maiores impactos negativos no valor gasto em restaurantes foram: Piauí* (-38,4%), Tocantins* (-36,0%), Pará (-34,9%), Maranhão (-30,6%) e Bahia (-30,1%), contrapondo-se àquelas que apresentaram crescimento ou menor redução no consumo: Amapá* (+4,5%), Rondônia* (-3,1%), Mato Grosso do Sul (-10,6%), Rio Grande do Sul (-10,6%) e Acre* (-13,5%). Em respeito ao consumo em outras unidades federativas importantes, vale mencionar: São Paulo (-24,8%), Rio de Janeiro (-29,6%), Minas Gerais (-29,3%) Distrito Federal (-27,7%), Rio Grande do Sul (-25,6%) e Paraná (-29,9%).
Imagem: Reprodução