Cinemas, restaurantes e lojas físicas vão liderar consumo no pós-pandemia

É o que aponta uma pesquisa realizada pela Bain & Company com 2 mil brasileiros

Com o fim das restrições impostas pela pandemia, os cidadãos brasileiros ficarão mais propensos a ir aos cinemas (57%), frequentar bares e restaurantes (65%) e fazer compras em lojas físicas (40%). É o que aponta uma pesquisa realizada pela Bain & Company com 2 mil brasileiros e que apurou a intenção de hábitos de consumo assim que o risco da covid-19 esteja controlado. De acordo com a pesquisa, o montante de respondentes que não realizaram essas atividades desde o início da pandemia foi de, respectivamente, 79%, 65% e 60%.

A pesquisa mostra um alento para o setor de viagem e turismo. Quase 40% dos brasileiros pretendem viajar de avião e se hospedar em um hotel. Para pouco mais da metade dessas pessoas, isso ocorrerá dentro de poucos meses.

Cinemas, restaurantes e lojas físicas vão liderar consumo no pós-pandemia

A pesquisa da Bain & Company também mostrou que a forma com que os brasileiros gastam tiveram grandes alterações. O foco esteve em supermercado, delivery e saúde, mas o estudo apontou que há uma demanda reprimida por várias categorias que os consumidores esperam gastar mais no futuro, principalmente em viagens, comida, bebida e beleza. De acordo com o estudo, as áreas de consumo que terão impacto no pós-pandemia são as seguintes:

Os consumidores aumentaram nas refeições em casa e reduziram a ida aos restaurantes, em uma comparação com períodos anteriores à covid-19. Embora a comida caseira tenha vindo para ficar, espera-se que os gastos em restaurantes aumentem quando a pandemia passar, chegando a níveis mais altos que o pré-pandemia.

O consumo caiu durante a pandemia, especialmente fora de casa. No entanto, o consumo de álcool em restaurantes e bares deverá aumentar em 30% após a covid.

Gastos com produtos e serviços de beleza diminuíram com a covid, mas espera-se que os gastos com produtos de beleza em casa e serviços de beleza aumentem em cerca de 20%.

Segundo a pesquisa, 72% dos brasileiros aumentaram o tempo gasto em serviços de streaming e 78% aumentaram o tempo gasto em mídias sociais – uma tendência que deve se manter. O tempo gasto em videogames provavelmente será reduzido.

Os exercícios ao ar livre devem aumentar quando a pandemia acabar. A excitação para retornar às academias é alta e cerca de 50% das pessoas pretendem fazê-lo imediatamente após as restrições serem suspensas.

Situação financeira pode ser obstáculo 

Embora o estudo projete as atividades que o brasileiro mais quer fazer assim que a pandemia estiver controlada, a Bain & Company notou que a situação financeira pode ser um dificultador, uma vez que a renda do brasileiro foi mais impactada do que a de outras economias.

No Brasil, o número de pessoas que guardaram menos dinheiro foi 28% maior do que o de entrevistados que pouparam mais. Nos Estados Unidos, por sua vez, o número de pessoas que guardaram mais ou muito mais dinheiro foi 16% maior.

“Nos EUA e Europa, as pessoas conseguiram poupar mais. Já no Brasil, houve o contrário. Isso em razão do impacto da menor atividade econômica, do emprego e da renda. Um dos elementos relevantes dessa tendência é indicar quanto o poder aquisitivo irá diminuir, e como as pessoas estão saindo dessa pandemia com dinheiro no bolso”, destacou Federico Eisner, líder da prática de Bens de Consumo da Bain & Company na América do Sul.

Novos hábitos de compra

A pandemia da covid-19 impactou a maneira como o consumidor se relaciona com seus hábitos de compra, e muitos desses comportamentos adquiridos devem se prolongar após o fim da pandemia, mostrou o estudo.

De acordo com a Bain, hábitos relacionados ao ambiente doméstico, com as pessoas realizando atividades em casa, ainda devem permanecer relevantes mesmo após o fim da pandemia. Dentre essas atividades detectadas, a pesquisa indicou que cozinhar (84%), assistir televisão (77%) e cuidar do lar (64%) foram as principais razões mencionadas pelos consumidores durante a pandemia. Também houve um aumento em atividades relacionadas à saúde, como a prática de exercícios (56%) e de aulas fitness virtuais (54%).

“Muitos desses comportamentos que foram adquiridos durante a pandemia permanecem. E esses novos hábitos que os consumidores acrescentaram em suas rotinas domésticas, como cozinhar, assistir TV, jogar vídeo-games e cuidar da própria casa, além de todos os temas relacionados ao cuidado com a saúde, com exercícios físicos, devem continuar”, afirmou Luciana Batista, sócia da Bain & Company.

Desejo de viajar

Outra pesquisa divulgada recentemente pela Mosaiclab durante o Latam Retail Show, maior evento de varejo e consumo B2B do país, mostrou que os consumidores brasileiros estão ansiosos por voltar a ter hábitos de consumo que foram reprimidos por causa das medidas adotadas na pandemia.

Segundo o estudo “Tomorrow’s Consumer – Sociedade 5.0 Latam”, viajar pelo Brasil é o maior desejo de consumo de 44% dos brasileiros nos próximos cinco a dez anos. O índice é maior, de 56%, entre os brasileiros das gerações babyboomers (60 a 80 anos) e Y (25 a 39 anos), com 47%. Entre os babyboomers, também há forte intenção de usar aplicativos de transporte e serviços de internet.

Para os jovens da geração Z (18 a 24 anos), o maior desejo de consumo é comprar roupas, calçados e acessórios. E, para os brasileiros da geração X (entre 40 e 59 anos), eletrodomésticos e eletrônicos para o lar têm 45% da preferência, seguidos pelas viagens nacionais, com 43% da intenção de compra.

O estudo revela que as pessoas veem um futuro melhor e que a renda aumentará. “Há forte tendência de aumentar o consumo e não reduzir, por todas as classes sociais, especialmente pela classe alta”, afirmou Karen Cavalcanti, sócia-diretora da Mosaiclab.

Segundo a pesquisa, as quatro categorias com mais potencial de crescimento nos próximos cinco a dez anos no Brasil são: viagens nacionais; roupas, calçados e acessórios; eletrodomésticos e eletrônicos para o lar; e internet. Também aparece o desejo de comprar produtos de tecnologia de uso pessoal, como celular, veículos e imóveis.

Imagens: Shutterstock e Divulgação

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