A fintech BizCapital analisou mais de 1,5 milhões de transações de seus clientes e conseguiu observar o faturamento nos diferentes tipos de empreendimentos e regiões brasileiras, por meio das maquininhas de cartão. Segundo o levantamento, o setor industrial faturou 62% por meio do cartão de crédito, considerando o terceiro trimestre de 2020. O mesmo não acontece para empreendimentos do comércio e serviços, em que as vendas acontecem na maior parte pelo débito, 67% e 53%, respectivamente.
“Nesse período de retomada, faz bastante sentido que as indústrias faturem mais pelo crédito. Isso porque neste tipo de negócio, o valor médio de cada venda é maior, ou seja, os produtos e serviços fornecidos têm custos mais elevados, facilitando o uso do crédito”, explica Francisco Ferreira, CEO da BizCapital.
No entanto, a pesquisa mostra que os brasileiros também consomem muito pelo débito. Mesmo antes da pandemia, a força das vendas à vista era nítida. Segundo o levantamento, de outubro a dezembro de 2019, o setor de comércio faturou 69% pelas vendas à vista, enquanto que o segmento de serviços, 56%. “As empresas que aceitam pagamento por maquininha tendem a ter um volume maior de transações por débito. Isso pode refletir o hábito do brasileiro de pagar à vista. Uma vez que o dinheiro já está na mão, muitos procuram usar de imediato, ao invés de guardar para comprar depois”, analisa o executivo.
Análise por região
A pesquisa também mostra qual é o comportamento de consumo nas pequenas empresas por todas as regiões do Brasil. Antes e durante a pandemia, o nordeste vinha mantendo suas vendas no débito acima de 70%, e mesmo com a retomada permaneceu nesse patamar. O sudeste e o sul tinham vendas mais equilibradas entre o crédito e o débito, mas nesse último trimestre, o pagamento à vista foi mais frequente, sendo responsável por 61% e 52% do faturamento, respectivamente.
Já o Norte, onde o crédito vinha com força no último trimestre de 2019 – as vendas chegaram a 63% por essa modalidade – passou por uma virada em 2020, aumentando suas vendas por débito. “Isso pode indicar uma mudança no comportamento do consumidor nesta região, que durante a época de crise econômica pode ter evitado o uso do crédito, gastando apenas o que realmente tinha no bolso naquele momento”, finaliza Francisco.
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