A Black Friday de 2024 desperta mais interesse entre os consumidores, mas a participação está cada vez mais condicionada aos preços. Segundo a Sondagem dos Consumidores, da FGV Ibre, a porcentagem de consumidores certos de que irão comprar caiu de 9,6% para 5,6% entre 2023 e 2024. Por outro lado, a proporção de pessoas dispostas a adquirir produtos dependendo de preços, condições de pagamento ou outros fatores aumentou de 21,7% para 29,9%.
Já a soma dos que têm certeza de que comprarão ou estão interessados em participar, dependendo de preços e outras condições, aumentou de 31,3% para 35,5% no mesmo período. E a porcentagem dos consumidores que não sabem se irão comprar produtos ou serviços na Black Friday caiu de 5,3% para 4,4%. Pela primeira vez desde 2017, o percentual de consumidores que não pretendem participar caiu para menos de 60%, ficando em 59,4%.
“Alguns fatores podem levar a este aumento da incerteza quanto às compras na Black Friday. Primeiramente, a percepção de que algumas das promoções não são realmente descontos em relação aos preços vigentes nos diferentes mercados. Por fim, as famílias brasileiras vivem um contexto de endividamento e inadimplência historicamente elevados”, destaca Anna Carolina Gouveia, economista da FGV IBRE e pesquisadora responsável pelo estudo.
Compras focadas em necessidade
A pesquisa revela uma mudança nas motivações de compra. Entre os interessados, 70,9% planejam adquirir itens necessários, enquanto 25,9% aproveitarão para antecipar compras de Natal. Essa tendência é mais evidente entre famílias de baixa renda, que priorizam bens de uso imediato.
“Esse resultado pode estar relacionado a uma melhora nas condições financeiras das famílias, se comparado com o ano passado, em que mais consumidores estão alocados no mercado de trabalho e conseguiram aumentar seus rendimentos. Isso permite que os consumidores aproveitem o evento para adquirir itens pessoais ou de uso cotidiano, sem a necessidade de planejar com antecedência as compras de presentes natalinos”, afirma Anna Carolina.
O e-commerce segue como o principal canal de compra, com 47,5% das intenções, um aumento em relação aos 40,7% de 2023. Outros 27,2% planejam combinar compras online e presenciais, e 17% preferem exclusivamente lojas físicas.
Apesar do interesse crescente, a cautela predomina. Taxas de juros altas, endividamento e desconfiança em relação a promoções falsas ainda freiam o consumo. “Os consumidores estão atentos e só participarão se os preços forem realmente vantajosos”, explica Anna Carolina.
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