O mundo está mudando rapidamente e a liderança precisa acompanhar essas mudanças. O modelo clássico de liderança, baseado em comando e controle, não é mais suficiente para enfrentar os desafios do mercado atual. É preciso estar atento às mudanças sociais e de comportamento, às tendências e às novas tecnologias disruptivas. Se antes bastava ficar sentado à mesa olhando planilhas, hoje é preciso “andar” pela companhia, “cheirar” o mercado e “sentir” as preferências dos seus clientes.
Um estudo do MIT mostrou que apenas 12% dos líderes empresariais entrevistados acreditam que seus líderes estão preparados para enfrentar esse momento e levar suas empresas adiante. É um número assustadoramente alto e preocupante, quando 88% dos colaboradores não têm confiança nos líderes da sua empresa. Como criar um ambiente de credibilidade e de confiança com essa estatística? Esses dados nos mostram e escancaram a necessidade de repensar o modelo de liderança e desenvolver novas competências e atitudes.
“Vivemos uma crise de confiança, em que não sabemos mais o que é verdade, o que é fake”. Esse é um sintoma do momento atual da sociedade e não podemos dissociar os movimentos e sentimentos da sociedade do contexto da liderança. Somos bombardeados diariamente com milhares de informações, que vêm como forma de entretenimento, mas que no fundo é somente uma forma de manipulação para nos guiar a tomar decisões enviesadas e inconscientes.
A liderança atual precisa ter uma visão ampla, tanto interna quanto externa, e conseguir conectar os pontos, as pessoas e os processos. É preciso pensar em rede e ter adaptabilidade, curiosidade e humildade. É pobre e raso pensar que nossas organizações não passam por crises de credibilidade, afinal, fazem parte do contexto que vivemos, mas muitos líderes insistem em criar um mundo paralelo, um metaverso próprio.
Os padrões atuais exigem não só uma visão ampla para dentro da empresa, como o engajamento e retenção dos colaboradores, trabalho remoto, diversidade nas equipes, como um olhar atento ao contexto das mudanças sociais e de comportamentos que influenciam toda a sociedade, que, viabilizados e potencializados pelas mídias digitais, colocam as empresas e seus líderes em uma situação de exposição e julgamentos constantes.
Fala-se muito de que a vida de uma liderança é solitária, mas, para mim, hoje é o oposto: o líder solitário e obsessivo pelas suas convicções não tem capacidade de liderar empresas para a alta performance, perenidade e sustentabilidade dos seus negócios. Integrar e engajar as pessoas, trazendo-as para círculos de discussões e tomadas de decisão é cada vez mais o comportamento que se espera.
Liderar é conectar pontos.
Liderar é unir pessoas e conceitos.
Liderar é orquestrar de forma harmônica fatores humanos.
Liderar é estar atento ao presente com a cabeça no futuro.
Fabio Aloi é sócio-diretor da One Friedman.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da MERCADO&CONSUMO.
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