A indústria de consumo e o varejo precisam estar alertas sobre o novo comportamento de compras pós-covid, capitaneado, principalmente, pelas gerações Millenium e Z.
Surge um contexto que transborda as fronteiras nacionais. Levado por uma inflação mais contundente, os gastos aumentaram mais do que renda, deixando o orçamento mais apertado.
Com menos dinheiro no bolso, a fidelização às marcas está mais vulnerável do que nunca, surgindo com maior propensão o trade down e a experimentação de novas marcas, formatos e canais de compra em busca de bons preços. A lealdade está sob júdice.
Ao mesmo tempo, cada vez mais presente, a experiência omnicanal eficiente, mesclando o online, offline e engajamento, gera um figital, ágil, comparável e conveniente.
Este novo perfil de consumo exerce pressão nas marcas de consumo e no varejo em geral, impondo maior resiliência e revisão de ofertas para conseguir navegar em um mercado com zero folga de orçamento em todos os níveis socioeconômicos.
Segundo recente pesquisa da McKinsey sobre o consumidor brasileiro, a maior preocupação deste consumidor gira em torno da inflação e do desemprego, este último especialmente para as classes C2, D e E. Não é para menos, uma vez que 40% deste grupo utiliza cartão de crédito para rolar suas dividas correntes de consumo essencial.
Mediante a um cenário pouco auspicioso, as marcas devem considerar alternativas para superar estas barreiras, tanto as orçamentárias quanto as comportamentais.
Visando entregar o que o mercado solicita, as marcas têm a sua como estratégia considerar alguns caminhos:
- O figital, gerando engajamento do digital para o físico e vice-versa. Reconhecimento, conteúdo, gameficação e relacionamento devem ser uma das atitudes primárias perseguidas;
- Ampliação do mix de vendas, considerando que produtos de entrada até os premium são alternativas que apoiam o poder de escolha e a priorização dos consumidores. Porém, é essencial deixar claras as vantagens e benefícios desta oferta ampliada;
- Não podemos esquecer que o propósito da marca é alinhar-se fortemente com grupos de consumidores que se identificam com seu posicionamento, facilitando a fidelização, desde que o custo não ultrapasse o orçamento deles.
Para enfrentar esses desafios, as marcas devem adotar estratégias inovadoras que respondam às novas demandas do “consumidor zero”. Adaptar-se a esse novo perfil é crucial para prosperar em um mercado cada vez mais competitivo, volátil e restrito financeiramente.
Jean Paul Rebetez é sócio-diretor da Gouvêa Consulting.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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