Durante o LATAM Retail Show aconteceu um painel sobre as principais características para um ecossistema de inovação, um ambiente que permita que novas ideias surjam. Os participantes foram: Nicolas Simone, CIO do Grupo Boticário; Graciela Kumruian, COO da Netshoes; Thiago Doc Luz, head de Digital da Shoulder, Caito Maia, fundador da Chilli Beans, e Sérgio Borriello, CEO da rede Pernambucanas. A conversa contou com a curadoria de Caio Camargo, sócio-diretor da GS&UP.
Caio Camargo falou sobre a mudança do empreendedorismo. “Se você for analisar vai ver que falamos basicamente de startups. São startups, negócios abstratos. Não são mais negócios de tijolo”, esclareceu. Ele trouxe o exemplo da Luiza Labs, que trouxe a inovação para dentro de uma empresa tradicional.
“Inovar hoje é mandatório. Não é opcional. Quem continua fazendo o mesmo não terá mais espaço no mercado”, disse Camargo. Fazer parcerias com startups pode ser um bom encaminho. Cerca de 75,6% das startups existentes hoje trabalham com B2B. “Sendo assim, não faltam soluções para o mercado”.
Grandes empresas como a Amazon e o carrefour compram startups para resolver seus problemas. “Por que tentar copiar, se elas podem comprar o negócio pronto?”, esclareceu.
Caio trouxe os cinco principais pontos dos laboratórios internos:
Cultura de inovação começa de cima para baixo – “A inovação tem que começar com o CEO, com os líderes da empresa, caso contrário não funciona”.
Separado da estrutura da empresa – “tem que ficar afastado da burocracia, para que haja liberdade para novas ideias”.
Aceitar riscos – “Pode dar certo ou errado”
Erro como aprendizado – “Caso não funcione, é preciso encarar como aprendizado”
Rollout de inovação – “Tem q ser cíclico, inovar sempre”
Para Borriello, “é importante ouvir as pessoas. Tem que ouvir clientes, colaboradores para inovar”.
Simone falou sobre a importância de trazer mentes criativas de fora. “Tem pessoas boas que não são de empresas de ou startups e temos que traze-las para dentro”. Para ele, os laboratórios não são apenas sobre inovação. “Ele é o grande impulsionador do negócio e tem que ficar entre a inovação e o dia-a-dia”, pontuou.
Graciela contou sobre a transição para o online. “A loja abriu em 2000. Em 2002, inauguramos o e-commerce. Disseram que nós éramos loucos porque ninguém ia comprar tênis pela internet. Foi um sucesso porque dobramos o faturamento online. No primeiro mês vendemos um par, no segundo vendemos dois’, brincou.
A rede Netshoes fechou as lojas físicas. “Em 2017 reabrimos uma loja física em Moema. Mas o conceito de loja mudou. Brinco que é um grande closet, com roupas á disposição, lugar para tomar um café”, falou Graciela.
A companhia adquiriu a Zattini e a Shoestock. “Foi interessante, porque eramos focados apenas em esporte e a Zattini é voltada para moda e beleza. A Shoestock foi uma volta às origens, porque eram lojas físicas. Mas mudamos porque tentamos oferecer a experiência que o cliente deseja”, contou.
Maia falou sobre o começo da empresa: “ninguém acreditava que fosse dar certo. Falavam “este quiosque que está aí na frente vai fechar. Tivemos que inovar desde o inicio”. Ele também falou que as lojas mudaram. “Acredito no modelo de 40m2. Este formato sempre dá lucro, mas claro que depende do tipo de negócio”, exemplificou.
Nicolas comentou as mudanças para criar um laboratório interno. “Tivemos que mudar alguns processos. Você não pode lidar com fornecedores e startups da mesma forma. E não adianta colocar mesas de coworking para todos trabalharem juntos, se você não internaliza essa cultura”. Ele deseja que o lab seja internacionalizado, sendo não apenas um centro de inovação, mas de cultura da empresa.
O CEO da Pernambucanas contou que criou o laboratório com funcionários de dentro da empresa. “Escolhemos aqueles que eram multitarefas, que tinham várias habilidades. Vimos também quais eram o que estavam incomodados em cada área”, falou.
Luz acredita que o objetivo não é deixar o produto mais barato. “Queremos ter margem, mas o principal é deixar o produto melhor”. Ele também contou que o perfil do empreendedor está mudando. “Você vê muitas startups de pessoas de 50 anos.”
(Foto: Daniel Camargo/ Terassan Fotografia)