Apesar de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter recuado 0,08% em junho, após alta de 0,23% em maio, registrando a primeira deflação em nove meses, o momento é de cautela para empreendedores do foodservice brasileiro. Isso porque o custo no bolso dos empresários não envolve apenas o alimento que chega à mesa do consumidor, há outros fatores que influenciam os negócios, como aluguel, salário dos funcionários, gastos com fornecedores, despesas de consumo como energia elétrica, água e assim por diante.
No acumulado do primeiro semestre do ano, por exemplo, a inflação da alimentação fora do lar subiu em 3,4%, ficando acima da geral brasileira (2,9%). Em São Paulo, o aumento foi ainda maior, chegando aos 4,0%, estabelecendo-se também acima da inflação geral paulista (3,1%). Essa pesquisa da ANR foi realizada em conjunto com a Future Tank, consultoria que realiza análises de tendências e cenários. O levantamento ainda contou com dados recentes do IPCA, que analisou os índices do setor em comparação com os números da inflação geral brasileira.
É importante lembrar que, em 2022, enfrentamos um cenário de aumento expressivo da inflação nos alimentos, o que foi contido pelos restaurantes, que não repassaram integralmente a alta ao consumidor. Esse processo acabou achatando as margens de lucro de um segmento que ainda estava lidando com os custos da pandemia. Portanto, agora é chegado o momento em que é preciso encontrar o equilíbrio financeiro dos negócios e atenuar os danos causados pelos tempos difíceis enfrentados pelos restaurantes.
Nesse sentido, é interessante pensarmos em soluções que não prejudiquem tanto o consumo, considerando também a expectativa das pessoas diante dos cardápios. Uma estratégia pode ser, por exemplo, inovar em pratos com ingredientes mais baratos, ou até mesmo apostar em promoções.
O importante é estarmos atentos a todo o contexto em que o foodservice brasileiro está inserido. A alimentação fora do lar reflete no dia a dia da população e tudo o que atinge o setor ainda reverbera na economia do Brasil. Por isso, é fundamental monitorar as questões que fazem parte do cotidiano dos estabelecimentos e contar com o respaldo de entidades que atuam pelos interesses do setor.
Fernando Blower é diretor-executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR).
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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