Já é fato consumado que estratégias omnichannel vieram para ficar no universo varejista. A transformação digital alterou de vez tanto o comportamento do consumidor quanto o posicionamento dos varejistas, que estão focados em oferecer as melhores experiências, enquanto vendem mais e buscam reduzir custos. E existe uma etapa que envolve todos esses pontos de interesse do varejo: a gestão de estoque. Essa questão, além de ser vantajosa para o varejista, pode aproximar o consumidor do PDV.
Foi-se o tempo em que o ideal era manter um modelo analógico de estoque, que começava na fabricação dos produtos na indústria, transporte em massa para um centro de distribuição, que a partir disso distribuiria quantidades menores de produto para cada loja, e só então, o consumidor teria acesso para comprar. Essa estratégia traz diversas desvantagens, como a dificuldade de movimentação dos estoques, a lenta reação às possíveis mudanças e o alto custo para o e-commerce. O modelo analógico ainda se encaixa em alguns contextos, como para o envio de volumes maiores de produtos para as lojas físicas, em categorias com demanda constante – mas as vantagens ficam para quem se atualizar.
Entregas ágeis
É importante lembrar que, para atender toda a jornada de consumo, é necessário gerenciar a estocagem de acordo com as perspectivas dos consumidores. É a ideia de uma visão unificada dos estoques, considerando que todo o inventário pode atender os clientes oferecendo rápido atendimento das demandas, inclusive com entregas mais ágeis.
Para implantar esses conceitos de forma prática, existem alguns caminhos. A modalidade de clique-retire está crescendo cada vez mais e é um ponto de atenção para quem quer manter o crescimento do online e trazer o cliente para perto da loja física.
Afinal, quando o consumidor visita o PDV existem novas oportunidades de compra e um atendimento impecável reforça a imagem da marca e potencializa uma possível fidelização. Além disso, para os negócios presenciais, é válido recolher dados que sejam úteis para a diversificação e manutenção do estoque. Pesquisas com os consumidores podem revelar indicadores importantes, como produtos que nunca podem sair de estoque; os que deveriam estar; em que quantidade; com qual frequência etc. Tudo para entregar o máximo de eficiência para a jornada de compra.
Com as perspectivas de aumento de vendas no varejo físico, levando em conta o avanço da vacinação e a reabertura do comércio, o varejista precisa se preparar para as compras presenciais, que seguem tendo força e conquistando o público. No terceiro trimestre de 2021, o consumo no varejo físico viu um crescimento de 47,2% em relação ao mesmo período de 2020, segundo um relatório do Itaú Unibanco. Os gastos também cresceram: 46,4% em relação ao ano passado, e 26,5% se comparado com 2019, antes da pandemia.
O brasileiro sabe encontrar um bom equilíbrio entre o consumo presencial e digital, e ambas as frentes precisam se manter atualizadas, eliminando possíveis gargalos e oferecendo a melhor experiência, inclusive por meio da integração entre os dois. A distribuição de produtos agora é uma rede integrada de pontos de relacionamento com cliente e não mais apenas uma esteira de entrega de produtos. Um estoque otimizado é necessário para se manter competitivo com a retomada gradual das vendas presenciais também. Essa é a hora de abraçar os novos conceitos e usos que a logística do negócio pode ter.
Caio Camargo é diretor comercial da Linx.
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