Assim como o ser humano e o seu potencial de resiliência, a Inteligência Artificial precisará seguir o mesmo caminho ao tentar mimetizar mais essa característica do nosso comportamento. Quando trazemos esse conceito e necessidade para as empresas, cada vez mais precisaremos criar experiências ainda melhores aos usuários e que sejam ágeis e eficazes para acompanhar as mudanças do mundo real. Neste contexto é que surge o conceito de Inteligência Artificial Adaptativa como um próximo passo na evolução da tecnologia, abrindo caminho para melhorias contínuas e interações cada vez mais personalizadas.
A adaptabilidade na Inteligência Artificial refere-se à capacidade de um sistema em se ajustar para responder de maneira eficaz às mudanças nas circunstâncias, tarefas, ambiente ou requisitos. Trata-se de sistemas cada vez mais flexíveis, resilientes e capazes de lidar com novas situações ou tarefas. O desenvolvimento de sistemas adaptáveis pode ser alcançado, por exemplo, por meio do aprendizado de máquina, em que os algoritmos são alimentados com dados para reconhecerem padrões e extraírem informações relevantes. À medida que novos dados são apresentados ao sistema, ele será capaz de ajustar seus modelos para melhor se adequar às novas informações. Essa capacidade de aprendizado contínuo permite que a IA se adapte a novas circunstâncias e melhore seu desempenho ao longo do tempo.
Principalmente com a chegada do ChatGPT e o interesse crescente das Big Techs em investirem em Inteligências Artificiais para seus produtos e serviços, está cada vez mais fácil o uso da tecnologia para revisar o próprio código e promover adaptações necessárias, no entanto o desafio futuro está no aprendizado comportamental humano, mudanças externas, informações incompletas ou incertas, além de questões éticas e relacionadas à segurança. Essa evolução no desenvolvimento de projetos e sistemas de IA adaptáveis ainda precisam garantir que sejam confiáveis, justos e transparentes em suas ações.
“Os sistemas de IA adaptativa visam retreinar modelos continuamente ou aplicar outros mecanismos para adaptar e aprender dentro de ambientes de desenvolvimento e tempo de execução, tornando-os mais adaptáveis e resilientes à mudança”, afirma Erick Brethenoux, vice-presidente analista emérito do Gartner. No entanto, o desafio está em compreender e ampliar a capacidade de aprendizado, proporcionando dados para otimização e adaptação contínuas, para que os sistemas de IA possam melhorar o desempenho, lidar com novas tarefas e enfrentar desafios complexos de maneira mais eficiente.
A partir dessa visão, reforçada pelo Gartner, podemos pensar sobre a adaptabilidade como oportunidade para os sistemas de Inteligência Artificial serem cada vez mais flexíveis e capazes de lidar com uma ampla variedade de tarefas e situações, na resolução de problemas e aplicabilidade em diferentes mercados, podendo se ajustar às necessidades específicas de cada área para oferecer soluções personalizadas. Afinal, o mercado de tecnologia está em constante evolução, com mudanças nas preferências do cliente, tendências de mercado e crises econômicas ao redor do planeta.
Trabalharemos com a personalização em tempo real, permitindo que as empresas ofereçam experiências sob medida aos seus clientes, analisando dados em tempo real e adaptando-se aos interesses e preferências individuais. Essa evolução permitirá a criação de estratégias como, por exemplo, uma empresa do varejo ajustar suas recomendações de produtos com base no aprendizado de dados referente às tendências sazonais, mudanças de preferências do cliente, necessidades e comportamentos de compra.
Ainda estamos engatinhando com os próximos passos na evolução sobre como as Inteligências Artificiais poderão se ajustar ao comportamento e às necessidades humanas. Se hoje a adaptabilidade pode ser encontrada na busca do Google, recomendações da Netflix, sugestões de compra da Amazon e direção autônoma da Tesla, cada vez fica mais claro que a busca por maior adaptabilidade na IA é essencial para as empresas se manterem competitivas em um ambiente de negócios em constante evolução.
Carlos Carvalho é CEO da Truppe!
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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