A indústria de alimentos representa 10,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Além disso, é responsável por mais de 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos no País. Esses dados foram publicados em março de 2023 pela da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), demonstrando a importância do setor. Mas, como chegamos até aí?
A indústria de alimentos surgiu há milhares de anos, quando as pessoas começaram a cultivar alimentos e domesticar animais. A agricultura permitiu que as pessoas produzissem alimentos em maior quantidade e estabelecessem uma vida ao redor daquele núcleo.
No século 19, a indústria de alimentos efetivamente iniciou a industrialização, incluindo soluções disponíveis ou desenvolvendo novas tecnologias, como o vapor e a eletricidade, assegurando maior escala na produção e oportunidade de transporte dos alimentos para distâncias maiores e, dessa forma, conseguir atender ao crescimento populacional.
No século 20, a indústria de alimentos continuou a se expandir e se diversificar. Estimulada pela elevação do padrão/expectativa de vida, globalização e desenvolvimento de novas tecnologias. A indústria de alimentos hoje é um setor complexo, globalizado e altamente tecnológico, que entrou no século 21 investindo na indústria 4.0, com o firme propósito de construção do futuro da alimentação.
Direcionando o olhar para o relacionamento entre a indústria de alimentos e o foodservice é importante sublinhar que a indústria tem um papel fundamental para o sucesso do segmento, já que ela é a provedora de ingredientes, produtos pré-preparados, produto acabado para ativação, utensílios e equipamentos.
A jornada para essa conexão de sucesso foi sendo ampliada ao longo do tempo para que a indústria entregue, além de produtos, serviços como consultoria, treinamento, marketing, pesquisas e tecnologia.
Nos dias 5 e 6 de julho, participei pela primeira vez do evento Taste Tomorrow. Promovido pela Puratos, em Buenos Aires, reuniu 600 pessoas da América Latina, 150 delas do Brasil com pautas que incluíram as novas tecnologias aplicadas às operações de alimentação, necessidades e desejos do consumidor, tendências em ingredientes, sustentabilidade, inovação e, claro, ações de ativação da marca e relacionamento, com o firme propósito que estimular os participantes a repensarem o modus operandi e a inovação em seus negócios para os próximos anos.
Esse movimento foi desenhado para atingir distribuidores, operadores (grandes contas) e parceiros. Essa é uma prática comum no segmento, mas chamou muito a atenção a qualidade e intensidade do que foi promovido.
Um destaque especial, pois, muitas vezes, é o distribuidor o grande propagador dos serviços da indústria na ponta, uma vez que em um país como o Brasil, com mais de 1 milhão de estabelecimentos, esse elo é fundamental.
As pequenas e médias indústrias chegam ao mercado focadas em produto e precisam trilhar uma jornada de maturação do seu modelo para atingir essa plenitude em termos de serviços, uma vez que os operadores gostam das novidades, porém, são altamente dependentes dos serviços recebidos, já que esses os permitem atingir com maior velocidade seus objetivos sejam eles de escala, gestão ou custos.
Para assegurar a inovação e oxigenação em linhas de produtos, as grandes indústrias têm feito importantes movimentos e incorporação ou de investimento em startups para se manterem conectadas com consumidores e seus desejos.
Afinal, a responsabilidade de “puxar” a inovação é da indústria, porém, no final, é tudo pelo consumidor!
Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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