A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou que não existe qualquer intenção de eliminar as transações parceladas realizadas com cartões de crédito. A instituição é parte integrante de coalizões multidisciplinares que estão investigando as razões por trás das taxas de juros em vigor, bem como explorando alternativas para reformular tanto o sistema de crédito rotativo, quanto para aprimorar o processo de parcelamento de compras. Nenhum dos cenários em análise, de acordo com a Febraban, contempla uma descontinuação do produto ou mudanças na maneira como é financiado.
O presidente da Febraban, Isaac Sidney afirma que a entidade defende que o cartão de crédito deve ser mantido como um importante meio para o consumo, mantendo a equilíbrio financeiro das famílias. “Estudos indicam a necessidade de medidas de reequilíbrio do custo e do risco de crédito. Para tanto, é necessário debater a grande distorção que só no Brasil existe, em que 75% das carteiras dos emissores e 50% das compras são feitas com parcelado sem juros.”
As pesquisas conduzidas pela Febraban também revelam que o período de financiamento tem um efeito direto tanto sobre o custo de capital quanto sobre o risco de crédito. Além disso, a falta de pagamento em compras parceladas a longo prazo é consideravelmente mais elevada em comparação com compras à vista. Em média, essa inadimplência é cerca de duas vezes maior para toda a base de clientes e chega a ser três vezes mais alta para indivíduos de baixa renda.
Sidney ainda declara que a Febraban manterá sua busca por uma abordagem construtiva, que envolva uma transição gradual. O objetivo é alcançar uma convergência que traga vantagens tanto para os consumidores quanto para a sustentabilidade do produto. Isso abrange todos os participantes da indústria de cartões de crédito, incluindo bandeiras, bancos emissores, adquirentes (responsáveis pelas maquininhas), comerciantes e, é claro, os próprios consumidores.
Fim do crédito rotativo do cartão de crédito
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campo Neto, afirmou, na última quinta-feira (10), que a autarquia estuda o fim do crédito rotativo de cartão de crédito. Essa é uma das modalidades de crédito mais caras do mercado, com juros que chegaram a 437,3% ao ano em junho.
Campos Netos participou hoje de uma sessão plenária no Senado Federal para explicar decisões de política monetária e estabilidade financeira tomadas pelo BC no semestre anterior.
O rotativo é aquele crédito contratado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias. Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. No caso do cartão de crédito parcelado, os juros ficaram em 196,1% ao ano em junho.
Imagem: Shutterstock