O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, argumentou nesta sexta-feira, 25, que não é possível afirmar que a instituição compromete a potência da política monetária devido ao crédito direcionado. “Houve uma mudança da pandemia para cá no tamanho do crédito direcionado? Não. E na pandemia a taxa de juros era de 2,0%, chegou a 13,75%. Logo o crédito direcionado não explica a subida na taxa de juros”, emendou.
Mercadante enumerou que o crédito direcionado corresponde a 11% do crédito no País e que a participação do BNDES nessa parcela é de 1,4%. “Na economia, o rabo não abana o cachorro”, brincou.
O presidente do BNDES, na sequência, ainda declarou que o debate da política monetária é outro, mas ponderou que não gostaria de entrar nessa discussão hoje. “O Banco Central acabou de votar favorável ao Fundo do Clima e à TR Taxa referencial, e eu vou reabrir este debate? Essa página está virada.”
Mercadante participou do Fórum Esfera 2023, no Guarujá, em São Paulo.
Com uma taxa de inadimplência de 0,01%, BNDES pode correr mais risco
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta sexta-feira, 25, que com uma taxa de inadimplência de 0,01%, o BNDES pode correr mais risco. “Temos que correr”, disse.
Mercadante defendeu que a instituição se encontra em um momento de mudança, favorecida pela melhora no cenário brasileiro para investimento, com redução da incerteza, devido, entre outros pontos, à tramitação das propostas do novo arcabouço e da reforma tributária. “O Brasil melhorou depois de 18 anos seu rating internacional”, citou.
Ele enumerou, entre as iniciativas que o BNDES está trabalhando, a negociação do pagamento da dívida com o Tesouro Nacional. “Já pagamos R$ 270 bilhões do que recebemos. Ano passado foram R$ 72 bilhões que saíram do caixa do BNDES”, disse. “O papel do BNDES não é financiar o Tesouro, é financiar a produção, a indústria, a estrutura e o crescimento. É isso que o País precisa”, emendou.
De acordo com o presidente do banco, a negociação tem como objetivo pagar um último montante de R$ 24 bilhões. Mercadante declarou na sequência que só quer que “o Tesouro desmame do BNDES” para o banco poder financiar o PAC
Ainda sobre as mudanças almejadas pelo BNDES, Mercadante também listou a redução do pagamento de dividendos. “Os bancos públicos não pagam dividendos no mundo”, argumentou. “Não pagávamos dividendos, depois passamos a pagar 25% e ano passado, 60%. Queremos voltar aos 25%.”
Desenrola dos investimentos
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, propôs nesta sexta-feira, 25, a conversão de parte da dívida ativa de empresas com a União em investimentos. Durante fórum realizado no Guarujá, no litoral paulista, pelo grupo Esfera Brasil, Mercadante disse que a ideia é oferecer às empresas algo parecido com o Desenrola, o programa federal direcionado a brasileiros que estão negativados em cadastros de crédito.
“Quero propor outro Desenrola no Brasil, um Desenrola dos investimentos. Vamos transformar um pedaço da dívida ativa, que o Estado não consegue cobrar, em investimentos”, sugeriu Mercadante.
Se o Desenrola Brasil tem como objetivo final permitir que as pessoas negativadas possam renegociar suas dívidas para voltar a contratar crédito e, assim, consumir, a intenção do “outro Desenrola”, proposto nesta sexta-feira por Mercadante, é provocar o mesmo efeito nos investimentos do setor produtivo.
A ideia obteve eco no Tribunal de Contas da União (TCU). Presente no debate promovido pelo Esfera, o ministro e presidente do TCU, Bruno Dantas, questionou se o modelo atual de cobrança da dívida ativa é eficiente.
“Temos de pensar em uma fórmula para resolver esse passivo”, defendeu Dantas, acrescentando que atualmente a dívida ativa com a União é de aproximadamente R$ 2 trilhões.
São recursos que, como o governo não consegue recuperar, deixam de entrar nos cofres do Tesouro. Após participar do painel, Mercadante disse que deixou o evento “bastante motivado” pelo respaldo do presidente do TCU, que terá papel-chave caso o programa avance.
“O Estado não consegue cobrar, as empresas não pagam, mas têm de jogar esse passivo fiscal nos balanços, aumentando a dificuldade das empresas em se financiar. Todos perdem”, argumentou o presidente do BNDES. “Em vez de continuar nesse impasse, temos de pensar o ‘Desenrola Empresa’ para também alavancar o investimento”, acrescentou Mercadante, voltando a usar o programa de renegociação de dívidas das famílias como referência.
Durante a passagem pelo Guarujá, o presidente do BNDES disse ainda que o banco público está aumentando os desembolsos sem recorrer a subsídios do Tesouro.
De acordo com Mercadante, a demanda por financiamentos do BNDES mais do que dobrou neste ano, alta de 137%, enquanto os desembolsos do banco subiram 31% no acumulado até julho. “Agosto já está mais forte do que julho”, disse Mercadante ao deixar, com pressa, o fórum.
Com informações de Estadão Conteúdo.
Imagem: Agência Brasil