Se você foi ao supermercado por esses dias, provavelmente já se surpreendeu com a presença das pilhas de panetones, que são uma espécie de anúncio – cada vez mais cedo – de que o Natal está chegando. Sim, ainda estamos começando outubro, mas já é tempo de pensar no fim do ano e na estratégia de agradecimento e reconhecimento dos funcionários, clientes e fornecedores. É hora de planejar o tradicional brinde do fim do ano.
Talvez essa não seja uma tarefa estratégica na maioria das empresas. Não é raro as marcas escolherem alguns objetos em alta – já foi pendrive, power bank e toda espécie de canetas e copos – e simplesmente adicionaram seus logos a eles. Mas, e se presentear seus stakeholders fosse, também, uma oportunidade de gerar impacto positivo, fortalecer sua imagem e, de quebra, surpreender os presenteados com uma proposta criativa e cheia de valor?
Isso é possível por meio dos produtos sociais, que são aqueles cuja venda gera doação para organizações da sociedade civil. Ou seja, cada produto que a empresa compra para dar a um parceiro como brinde, ela garante uma doação a uma causa. Além disso, ao fazer essa escolha, a empresa tem certeza de que está adquirindo um item, cuja lógica de produção respeita fornecedor, produtor, instituição e consumidor, além de ter preocupação com o impacto ambiental e a diversidade de pessoas envolvidas.
Presentar com um produto social também é uma oportunidade de compartilhar a responsabilidade social com os funcionários, clientes e fornecedores. Ao saber sobre a origem e o propósito daquele produto, as pessoas presenteadas são impactadas positivamente e podem se aproximar mais das causas, das organizações beneficiadas e se tornarem doadores assíduos.
Essa foi, inclusive, uma das constatações da pesquisa “Varejo com Causa”, realizada em 2021 pelo Grupo Mol, Cause e Movimento Arredondar. De acordo com o estudo, 59% das pessoas que se apresentaram como não doadoras, estariam mais dispostas a doar se conhecessem melhor as ONGs beneficiadas e tivessem mais clareza sobre o que será feito com o dinheiro. Percebe como um simples brinde pode ser uma poderosa ferramenta de transformação social?
E a melhor parte é: esse é um investimento que já estava previsto. Toda empresa que presenteia os parceiros no fim do ano já tem uma verba para isso, então o esforço está basicamente em mudar a estratégia, deixando de consumir produtos que, muitas vezes, não se sabe da procedência, para os produtos sociais.
Ganha a causa que é beneficiada, ganha a empresa que gera valor para os stakeholders e ganha os parceiros, é claro, porque o produto social pode ser bem mais criativo e interessante que uma caneta e até mais barato que um desses panetones que anunciam o Natal.
Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi são cofundadores do Grupo MOL, ecossistema de negócios sociais que promove a cultura de doação.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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