Empresários da indústria e do varejo, vocês estão acompanhando a evolução do franchising e o quanto ele tem potencializado o crescimento de negócios tradicionais? No passado, as franquias estavam associadas a fast-foods, lojas de vestuário, escolas de idiomas e serviços de beleza. Isso não representa mais a realidade desse universo.
O franchising avançou para além dos setores convencionais, permitindo que as empresas identifiquem oportunidades de escalar em mercados nada óbvios. Em razão de sua flexibilidade e aplicabilidade em modelos de negócios de qualquer segmento e porte, do mais tradicional ao mais disruptivo, a tendência é que esse modelo de expansão de negócios continue evoluindo.
Com vantagens conhecidas no mundo dos negócios, o franchising é o canal que responde mais prontamente às demandas de um mercado em rápida evolução. Frente a isso, o franchising ganha um espaço relevante nas estratégias de expansão de grandes players do mercado.
O avanço exponencial das tecnologias vem transformando o comportamento de consumo e a forma como as pessoas se relacionam em todos os cantos do mundo. As experiências são compartilhadas em tempo real, e quanto mais próximo as empresas estiverem de seus clientes, mais rapidamente vão se adaptar para atendê-los melhor. O desafio é diário e a necessidade de se reinventar também. O franchising permite essa proximidade e flexibilidade nos modelos de negócio.
Franquias sustentáveis
Os consumidores atuais buscam experiências personalizadas, produtos sustentáveis e conveniência digital. O franchising tem a capacidade de se adaptar a essas demandas, desenvolvendo modelos ou formatos de negócios dentro da mesma marca ou indústria para atender nichos específicos de mercado e diferentes perfis de clientes.
Um exemplo disso é o boom das franquias sustentáveis. A BCorp EcoStore, da Nova Zelândia, produz louças e produtos de limpeza com pegada ecológica: com certificações de qualidade, ambiental, cruelty free e redução de carbono, além de colecionar prêmios de sustentabilidade e de liderança em negócios sustentáveis.
Os consumidores da EcoStore são incentivados a praticar o reuso das embalagens (garrafas recicláveis feitas de cana de açúcar) nos supermercados, onde foram instalados pontos estratégicos de recarga da EcoStore, reduzindo o desperdício de plástico. E a empresa ainda arrecada fundos para escolas, equipes esportivas e grupos comunitários.
O resultado disso? Satisfação e fidelização de clientes conscientes, o que gera aumento de lucros e possibilita a expansão dos negócios. Isso já acontece na Austrália, China, Singapura, Coreia do Sul, Malásia, Taiwan e Japão.
As indústrias vêm se beneficiando e ganhando força de marca com o franchising, saindo do lugar comum e da pressão de intermediários para um atendimento mais próximo e personalizado de seu público-alvo. Elas oferecem, ainda, um ambiente customizado de experiências e relacionamento do cliente com a marca.
O limite para o uso do franchising está na essência do conceito: usar o know-how para gerar renda e mudar a vida de empreendedores, sustentados pelo propósito de atender o que o consumidor deseja, gerar resultado para os dois lados e criar uma parceria e de interdependência.
Dá para perceber que o poder do franchising gera condições para que a empresa crie barreiras para a concorrência de forma mais rápida e segura. Dessa forma, a marca pode sair do lugar comum e entrar em novos mercados, evoluir o portfólio de serviços e produtos e criar novos formatos de negócios para esses novos mix, passando a atender públicos que até então não atendia. Sair do óbvio e do lugar comum.
Nunca o mercado presenciou tantos novos formatos de negócios. Cada dia uma nova disrupção nesse campo surge, e acreditamos que ainda tem muito por vir. O que vai ditar o ritmo disso é o quanto o consumidor e a população buscam por mais conveniência, sustentabilidade, experiência, propósito e qualidade de vida.
O mundo digital está criando novas necessidades e ofertas, tanto físicas quanto digitais, reforçando a força do franchising para o desenvolvimento dos negócios e, consequentemente, para o aumento da riqueza, da redução da pobreza e da melhoria de vida da população.
Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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