O Itaú Unibanco registrou lucro líquido de R$ 35,6 bilhões no ano passado, um aumento de 15,7% em relação ao resultado de 2022. No quarto trimestre, o ganho líquido do banco foi de R$ 9,4 bilhões, 22,6% maior na comparação anual e um avanço de 4% sobre o terceiro trimestre.
O crescimento da carteira de crédito e o aumento das margens das operações combinados com o incremento das receitas com prestação de serviços (tarifas), puxadas principalmente pelo segmento de cartões, contribuíram para impulsionar o lucro anual do banco no ano passado.
A carteira de crédito do maior banco da América Latina atingiu R$ 1,17 trilhão em operações contratadas, um salto de 5,3% em relação a 2022. O aumento foi puxado principalmente pelos financiamentos a pessoas físicas, que cresceram 4,2% e atingiram o saldo de R$ 415,5 bilhões. Se descontada a variação do dólar, a alta ficou em 3,1%. Os empréstimos a empresas cresceram apenas 0,5%, para R$ 303,7 bilhões, impactados pela queda de 2,6% no crédito para capital de giro.
A margem com clientes, que contabiliza os ganhos gerados pelas operações de crédito, subiu 8,5% em um ano, para R$ 26,293 bilhões.
A inadimplência, medida pelos atrasos superiores a 90 dias nos pagamentos dos financiamentos, continuou controlada, tendo recuado 0,1%, para fechar o ano em 2,8%.
“Em 2023, colhemos os resultados da nossa transformação cultural e digital”, disse em comunicado o presidente do Itaú, Milton Maluhy. Segundo ele, salientando que o banco conseguiu manter patamares sustentáveis de crescimento. “Entramos em 2024 otimistas e empenhados para entregar ainda mais valor aos nossos clientes, acionistas e colaboradores, tirando proveito de todas as mudanças que fizemos na organização.”
Rentabilidade
As receitas do banco com serviços somaram R$ 11,2 bilhões em 2023, volume 7,4% superior ao aferido em 2022. Destacaram-se nessa área as receitas com cartões (emissão e adquirência), que tiveram expansão de 12,3% chegando a R$ 4,6 bilhões.
No segmento de seguros, previdência e capitalização do Itaú Unibanco teve ganho de R$ 8,57 bilhões no ano passado, 14,5% mais que em 2022. Segundo o banco, o resultado maior é fruto do crescimento dos prêmios ganhos, das receitas líquidas de capitalização e também da margem financeira gerencial. Os prêmios ganhos em seguros somaram R$ 1,65 bilhão, alta de 8,5% em um ano.
Fruto dessa combinação de melhoria nos resultados em diferentes frentes, a rentabilidade (medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido, ROE na sigla em inglês) da área de varejo do Itaú experimentou aumento de 5,7 pontos porcentuais, atingindo 22,5%. Nos segmentos de atacado a rentabilidade foi de 27,3%, queda de 1,1 ponto ante 2022.
Dividendos e JCP
A instituição expandiu também os resultados com tesouraria, em 12,4%, com resultado de R$ 840 milhões. Além de contabilizar as exposições do Itaú ao mercado brasileiro, o que inclui os juros, a tesouraria do banco considera também a proteção cambial que o banco faz do capital que possui em suas operações na América Latina.
Para o diretor Financeiro do Itaú, Alexsandro Broedel, os números apontam um ano de 2023 de resultados sólidos e consistentes. O executivo destacou ainda a remuneração que o banco dará aos acionistas. “Destaque também para o pagamento de R$ 11 bilhões em dividendos adicionais aos nossos acionistas que, somados aos Juros sobre Capital Próprio (JCP) já declarados, resultaram em um payout (fração do lucro líquido) de 60,3% no ano.”
O Itaú Unibanco tinha em dezembro R$ 2,69 trilhões em ativos, uma alta 9,2% em um ano. Seu patrimônio líquido contabilizava R$ 180,7 bilhões, cifra 12,3% maior que um ano antes, e o retorno sobre o patrimônio.
Mais criterioso, banco consolida liderança no setor
Apesar do cenário de inadimplência recorde no País, o Itaú – maior banco brasileiro – conseguiu se destacar e atravessar um período desafiador para o setor bancário com resultados muito positivos. O banco chega a 2024, ano de seu centenário, com rentabilidade superior à dos concorrentes.
Entre janeiro e setembro do ano passado, o Itaú registrou lucro líquido de R$ 24,9 bilhões, 9,9% a mais do que nos nove primeiros meses de 2023. Foi a terceira alta consecutiva para o período.
Já os números de seus principais concorrentes caíram em 2023. O lucro do Santander recuou 36% nos nove primeiros meses do ano, e o do Bradesco, 29,7%. Foi o segundo ano consecutivo de queda nas duas instituições financeiras.
O descolamento do Itaú na comparação com os concorrentes privados vem ocorrendo há cerca de três anos, período em que a taxa básica de juros, a Selic, subiu até ultrapassar a casa dos dois dígitos. Com o juro em alta, grandes bancos repassaram esse aumento aos clientes que buscavam empréstimos, mesmo sendo correntistas de maior risco. O Itaú, porém, enquanto segurava um pouco esse repasse, concedia crédito apenas ao cliente de menor risco.
“Os competidores acabaram tendo problemas. Quem pegou crédito com taxa mais alta foi só quem já estava muito endividado e precisava demais do dinheiro. Acabou havendo um efeito adverso aos bancos, que viram as taxas de inadimplência aumentarem”, diz o analista Thiago Batista, do UBS BB.
Os efeitos dessas estratégias – tanto do Itaú como dos concorrentes – devem se estender, pelo menos, por mais este ano. Isso porque, quando um banco é afetado pelo aumento da inadimplência, a recuperação é lenta, dado que a concessão de créditos cai e cresce a necessidade de fazer provisões no balanço para empréstimos que podem não ser pagos, segundo Batista. “O banco fica limpando as contas do passado.”
As boas perspectivas para o Itaú também são percebidas pelos analistas de ações do Citi, que, em relatório divulgado em janeiro, colocaram, em sua carteira ideal sugerida, os papéis do banco brasileiro com o maior peso, ao lado da mineradora Vale.
Com informações de Estadão Conteúdo (Matheus Piovesana)
Imagem: Shutterstock