A decisão do Copom de elevar a taxa Selic para 10,75% ao ano, na noite de quarta-feira, 18, foi criticada por diferentes entidades, que consideraram a medida exagerada e conservadora. A repercussão em relação à decisão do Banco Central aconteceu, principalmente após os Estados Unidos começarem a cortar os juros. Esse foi o primeiro aumento da taxa desde agosto de 2022. Nas reuniões de junho e julho, a decisão foi pela manutenção da taxa em 10,5% ao ano.
Para a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a medida tende a impactar negativamente a atividade econômica, principalmente o comércio e o turismo, setores que dependem muito do crédito, especialmente para produtos de maior valor. “A elevação pode prejudicar o desempenho em datas importantes como a Black Friday e o Natal”, informou, em nota.
Segundo a entidade, a raiz desse cenário está na deterioração fiscal, com o Brasil possivelmente não alcançando a meta de déficit zero. “A falta de um posicionamento claro sobre a flexibilização da meta fiscal apenas agrava as incertezas. A Confederação reitera que o descontrole fiscal e o aumento dos gastos públicos são insustentáveis, lamentando que a solução esteja recaindo sobre os juros, prejudicando o crescimento econômico.”
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), aumentar a Selic é medida excessiva e conservadora e vai na contramão do que o mundo está fazendo.
A medida ainda foi considerada precipitada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, pois o elevado patamar de juros compromete setores estratégicos.
Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, a decisão cria obstáculos ao investimento em infraestrutura.
A Associação Paulista de Supermercados disse que o juro alto agrava ainda mais os desafios ao crescimento econômico do País.
Justificativa
Entre as justificativas para medida, tomada por unanimidade pelos diretores do Banco Central, estão as estimativas de aumento dos preços ao consumidor e pressões no mercado de trabalho.
Em agosto, a inflação medida pelo IPCA ficou negativa em 0,02%. O índice de desemprego analisado pelo IBGE foi de 6,8% em julho, o menor desde 2014.
Com informações da Agência Brasil
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