Do topo de uma escada, Eduardo Shinyashiki falava a uma plateia atenta e desacostumada a ver um palestrante tão interativo, andando sobre cadeiras para chegar a um convidado e que preferia estar mais próximo dos ouvintes a transitar pelo palco e fazer bom uso do equipamento de som. Aquela imagem poderia sugerir e reforçar muitas crenças sobre ser ou se tornar um líder. O que ele mostrou foi que ninguém alcança o topo sozinho. É preciso estar junto a pessoas confiáveis que, não só concordam com o desafio, mas se dispõem a ser chão firme para que as lideranças possam exercer o seu propósito.
Reconhecer o trabalho de equipe e a importância de construir bons relacionamentos foram dois temas que o escritor e facilitador internacional levou para a palestra “Vivendo o DNA do Sucesso”, que encerrou o primeiro dia do ACBr Day, voltado para desenvolvedores de software, donos de negócios de tecnologia, gestores e entusiastas do segmento. Realizado entre os dias 8 e 9 de novembro, no Espaço Arca, na zona oeste de São Paulo, o evento contou com a coprodução e cobertura especial da Mercado&Consumo.
Logo no início de sua fala, Shinyashiki cumprimentou a todos com uma “maravilhosa tarde!”. Sorridente e confortável em todos os movimentos ao longo de sua apresentação, mostrou, ante o silêncio que se fez ao seu cumprimento, como o cérebro humano é programado para não inovar. A postura programada para a resposta certa viria em seguida com o bom e velho “boa tarde”. “Desde crianças, aprendemos a imitar padrões”, disse, mostrando vídeos com imagens de crianças copiando os gestos dos pais.
Ao levar a reflexão para o mundo empresarial, ele afirmou que as empresas que quebraram padrões e inovaram, como as plataformas Uber e Airbnb, transformaram essa lógica em um negócio. Apesar de, normalmente, as pessoas serem aconselhadas a não entrar em carros ou casas de estranhos, essas duas companhias mudaram essa perspectiva.
Competências socioemocionais
Autor de 5 livros, entre os quais “Viva como você quer viver” e “O poder do carisma”, Eduardo Shinyashiki destacou como a postura interna é decisiva na conquista de objetivos. Uma pessoa pode ter os melhores recursos, como talento, técnica e dinheiro, porém, se não possuir competências socioemocionais para fazer o que é preciso, acreditar que é possível e lidar com os desafios, não vai a lugar algum.
Neste momento, citou o ex-jogador inglês David Beckham, que antes de se tornar um astro do futebol mundial passou 2 anos sendo atacado pela imprensa e torcida inglesa pela derrota para a Argentina. Depois que decidiu internamente ser extraordinário no que fazia, ouvindo a si mesmo primeiro, em vez das vaias, a sua carreira se transformou.
Vírus mentais e competências para o sucesso
Durante a conferência, o palestrante explicou que existem três vírus mentais que adoecem uma mentalidade de sucesso.
- Quem eu sou não é importante: este vírus faz com as pessoas se sintam menores diante de outras, sem valor;
- Não adiantar pedir que eu não vou receber: faz com que as pessoas se fechem dentro de si mesmas, as impede de pedir ajuda, o que eleva a pressão interna;
- Por mais que eu faça, nunca é bom o bastante: a ideia de perfeição e a busca de reconhecimento externo faz com que talentos definhem e a sensação de incapacidade cresça.
Em contrapartida, Shinyashiki mostrou que uma liderança de sucesso reúne quatro competências: pessoal, social, cognitiva e produtivas. Mas provou, com a dinâmica da escalada ao topo da escada, que jornada bem-sucedida começa com a confiança interna – “eu posso realizar” – e na equipe – “sozinho, não consigo”.
Ao lembrar das inúmeras desculpas que deu a si mesmo e aos amigos que o questionavam sobre samba, contou que contratou um professor especialista na dança para encantar dois grupos de visitantes estrangeiros a sua formação e aproveitou para aprender a sambar.
Para ele, foi uma quebra importante de crença, a de que japonês não samba. Para a plateia, mais um exemplo de como é possível transformar “pontos fracos” em “pontos fortes” e construir uma carreira ascendente.
“Potencial é tudo o que uma pessoa tem e não usa. Poder é tudo o que uma pessoa tem e usa”, diferenciou. É também o que ajuda a distinguir uma pessoa que quer ter sucesso daquela que é um sucesso.
Imagem: Mercado&Consumo