O setor de foodservice brasileiro continua sua trajetória de recuperação, com sinais encorajadores de crescimento. Segundo a pesquisa “Alimentação Hoje: a visão dos operadores de foodservice”, realizada pela ANR (Associação Nacional de Restaurantes), pela consultoria Galunion e pela ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), 55% dos operadores observaram um aumento de faturamento no primeiro semestre de 2024 em comparação com o ano anterior, e 86% reportaram lucratividade.
Este levantamento, que ouviu 453 marcas representando mais de 7.400 pontos de venda, traz um panorama abrangente das práticas e desafios enfrentados pelos operadores de bares, restaurantes e cafeterias em um cenário econômico ainda pressionado pela inflação e pela falta de mão de obra qualificada.
“O ano de 2024 mostrou sinais de recuperação para o setor de alimentação fora do lar, com alguns estabelecimentos apresentando bons números. No entanto, é fundamental salientar que o segmento ainda atravessa um momento delicado, com grande parte dos estabelecimentos ainda sentindo os reflexos dos últimos anos. Os empreendedores estão se adaptando às novas condições do mercado, o que contribui para esse processo de retomada, mas ainda temos um longo caminho a percorrer”, afirma Fernando Blower, diretor-executivo da ANR.
Realizada entre setembro e outubro de 2024, a pesquisa fornece um retrato valioso sobre as realidades e tendências do setor de alimentação fora do lar. O levantamento mostra a importância da inovação, da sustentabilidade e do investimento contínuo em estratégias de captação e retenção de talentos para um foodservice mais robusto e preparado para os desafios futuros.
Os dados reforçam o papel dos operadores independentes, que representam 74% dos respondentes e possuem até três lojas, e das redes maiores, que somam 13% entre franquias e redes próprias. Em termos de localização, 61% das operações estão no Sudeste e 40% possuem uma trajetória consolidada de mais de 10 anos.
Delivery e voucher
O delivery se consolida como essencial para o setor, com 25% dos operadores reportando que esse canal responde por até 40% do faturamento. Ainda assim, 11% dos negócios ainda não implementaram o serviço, mostrando uma oportunidade de expansão para o segmento. Já o vale-refeição/voucher encontra-se com menos adesão: 31% dos operadores pesquisados não aceitam essa forma de pagamento, enquanto 27% indicam que representa entre 11% e 20% do faturamento.
Enquanto para alguns isso pode ser uma oportunidade, também indica que o mix de meios de pagamentos se alterou ao longo do tempo, graças a opções como PIX e cartão, e que a solução é importante apenas para parte do mercado.
Contratação e retenção
Contratar e reter colaboradores qualificados é um dos principais desafios para 59% dos operadores. Entre as dificuldades, destacam-se a escassez de profissionais qualificados (34%), os altos custos com pessoal (28%) e a retenção de talentos (25%). A queda de consumo, com menor gasto médio e frequência de visitas dos clientes, também preocupa 43% dos entrevistados, que enfrentam desafios com marketing e promoção.
“Para superar esses obstáculos, é preciso manter o time motivado e engajado, oferecendo um atendimento diferenciado e personalizado aos clientes. Sabemos que valorizar o colaborador é fator importante de performance”, revela a fundadora e CEO da Galunion, Simone Galante.
Inovação e sustentabilidade
Para atrair mais clientes, 77% dos operadores estão investindo em inovação de produtos, como pratos e sobremesas diferenciados, enquanto 71% destacam pratos clássicos e populares. A comunicação em mídias variadas (65%) e as promoções (63%) também se mostram essenciais para engajar o público. Lançamentos sazonais ou por tempo limitado, adotados por 47% dos respondentes, seguem como estratégias de atratividade.
A sustentabilidade, cada vez mais valorizada pelos consumidores, vem ganhando espaço nas práticas dos operadores: 91% já realizam controle de desperdício, 86% incentivam o consumo consciente e 73% utilizam embalagens ambientalmente responsáveis.
“Inovar constantemente exige compreender o que faz sentido para os seus consumidores nas ocasiões de consumo mais relevantes do momento. Após a pandemia, temos tanto a questão de produtos economicamente acessíveis como o fortalecimento da experiência e do encontro entre as pessoas”, comenta Simone Galante.
Atraindo clientes
Visando mitigar alguns entraves do setor, a pesquisa quis entender quais ações as marcas que atuam com alimentação fora do lar estão promovendo para atrair mais clientes e obter bons resultados. Como iniciativa, 77% deles investem em inovação de produtos (pratos e sobremesas, por exemplo), 71% dão foco em pratos clássicos e populares, 65% promovem a comunicação da marca em diferentes mídias, 63% atuam com foco em promoções, combos, ofertas do dia e ações de valor, e 47% realizam lançamentos de produtos sazonais ou por tempo limitado.
Entre as razões que levam possíveis clientes a não frequentarem restaurantes estão aspectos como comunicar melhor com diferentes públicos para 31%, clientes sem renda disponível e evitando comer fora para 29%, valor do voucher incompatível com a oferta para 19% e necessidade de renovação de cardápio para 16%. Em contrapartida, 17% revelam não ter este tipo de problema.
Retomada
Importante ressaltar que o foodservice mostrou sinais importantes de retomada este ano, com expansão projetada entre 4% e 5%. “Em 2024, estimamos que o segmento represente o montante de R$ 257,7 bilhões nas vendas da indústria de alimentos no mercado interno, um crescimento de 9,7% em relação a 2023. O resultado destaca a relevância deste canal para o setor alimentício e reforça a necessidade de investimentos contínuos em inovação e um comportamento colaborativo com distribuidores e operadores, a fim de identificar as oportunidades e atender, com agilidade, as demandas dos consumidores, ávidos por novidades”, afirma João Dornellas, presidente executivo da ABIA.
Com informações de Mercado&Food
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