Em nenhum dos 1.099 artigos anteriores desta série, coloquei questões pessoais como tema. Peço licença, neste artigo 1.100, para tratar de assuntos que dizem mais respeito ao pessoal do que ao profissional ou empresarial, com a ambiciosa expectativa de que essas reflexões possam ser úteis para o momento de cada uma ou cada um que nos acompanha.
Depois de 2 casamentos, uma mulher, 3 filhos, 2 netas, 12 livros como autor ou coautor, 20 anos de atividade como profissional, 36 anos de atividade empresarial, muitas árvores plantadas e mais estes artigos, a visão da vida é definitivamente diferente.
E o que antes idealizávamos, descobrimos como de fato é. Quando avançamos no tempo, muito do que imaginávamos no passado sobre como seria esse momento é, no mínimo, gerador de algumas poucas certezas e ainda mais dúvidas. Como atitude de vida.
A ideia de que tudo fica muito diferente quando o tempo à frente é inferior ao que ficou para trás provoca muitas reflexões e ainda maiores desejos de compartilhar aprendizados. Longe de ser um pensamento difícil, é uma constatação carregada de serenidade, gratidão e algum senso de realização.
A constante preocupação em olhar para o presente e o futuro, dedicando menos tempo a discutir o que passou, parece ser, ao mesmo tempo, um aprendizado e uma evolução para alguns, e um mecanismo de defesa para muitos.
Nessa jornada em busca de melhores e mais apropriadas respostas, envolvemos família, companheiros, parceiros, sócios e amigos.
Imagino que a minha jornada pessoal até agora possa ter sido percebida como uma busca constante por significado e impacto.
No que escrevi, em palestras, debates, encontros e iniciativas na minha área de atuação, onde quer que tenha buscado inspiração, tratei cada palavra que compartilhei como uma semente para brotar no solo da transformação.
Escrever nunca foi apenas uma tentativa de compartilhar conhecimento. Sempre foi uma forma de dialogar com o mundo, de tocar pessoas, muitas das quais talvez nunca encontre pessoalmente.
Essa jornada deu a oportunidade de entender perspectivas em campos que são tão dinâmicos quanto crescentemente desafiadores. E, de fato, acredito, que só é possível evoluir ao pesquisar, aprender e desenvolver de forma integrada, unindo mentes, atitudes, almas, vivências e experiências.
Daí porque, empresarialmente, optamos por nos posicionar como um Ecossistema de Negócios há oito anos, um dos primeiros focado em serviços B2B. E, em busca de um modelo de organização e gestão que estivesse alinhado com as perspectivas de um mundo marcado pela velocidade das mudanças e impactado pela tecnologia, agora exponenciada agora pela Inteligência Artificial, a intuição parece mostrar que faz sentido.
Mas a vida não é feita apenas de conquistas profissionais ou números.
Em um necessário balanço existencial, talvez o legado mais relevante esteja na família, nos amigos, nos parceiros, nas sociedades, nas alianças e no que tenhamos feito juntos.
Meus três filhos, cada um com sua trajetória única, são reflexos que devolvem algo de mim, mas com toques de visão e personalidade que me orgulham. Minhas duas netas, com sua energia e particularidades, me lembram que a vida segue em ciclos e que há sempre algo novo a ser descoberto.
E cabe uma palavra especial para Marina, esposa, mulher, companheira, sócia e parceira há 36 anos, sem dúvida, os anos mais cativantes de minha vida. Bastou um único jantar para perceber isso. Mas essa é outra história que só o destino e a intuição podem explicar.
Com o passar dos anos, me dei conta de que as conquistas da vida não estão na acumulação de bens ou títulos, mas na profundidade das relações, na curiosidade que se mantém viva e na capacidade de se reinventar. Os 36 anos de atividade empresarial não foram apenas sobre números ou estratégias. Foram sobre pessoas, sonhos, integridade, resiliência, contribuições e aprendizados constantes.
Hoje, olho para o futuro com humildade, pois aprendi que os dias são finitos e a família, os amigos, o tempo e a saúde são o que de mais precioso possuímos. Não me preocupo mais em contar os anos que restam, mas em vivê-los plenamente, com propósito e alguma leveza. Vamos continuar aprendendo, criando, compartilhando, mas, acima de tudo, vivendo intensamente o presente.
Se há algo que a experiência me ensinou é que a vida é um equilíbrio entre aceitar nossas limitações e, ao mesmo tempo, não deixar de sonhar, se dedicar a ousar e realizar. O que vem pela frente é desconhecido, mas a certeza que fica é a de que cada momento vivido com intenção, paixão e visão tem um valor único.
Os anos, livros, artigos e realizações que ficaram para trás ajudaram a moldar o que sou. Os anos que ainda virão, espero, serão oportunidades para continuar tentando evoluir como pai, marido, companheiro, parceiro, sócio e amigo. Afinal, enquanto há vida, há espaço para crescer, evoluir, aprender e transformar.
Tudo depende de como se propõe a encarar a vida. Legado não é o que se deixa, mas o que se contribui para construir.
Grato pela leitura de quem chegou até aqui. O próximo texto, nessa linha pessoal, talvez só no artigo 1.200. Obrigado pela companhia.
Nota: De 8 a 15 de janeiro de 2025 estaremos em nossa 36ª missão da NRF Retail’s Big Show. Mais de 3.800 líderes, executivos, dirigentes e profissionais dos setores de varejo, consumo, tecnologia e serviços já participaram em nossas delegações para o NRF Show e muitos outros em nossas Trade Missions para Inglaterra, Portugal, Espanha, Itália, México, Canadá, EUA, Israel, China, Coreia, Singapura e Índia. Para conhecer mais da programação 2025 da NRF Show acesse aqui.
Os aprendizados sobre tudo que será visto e discutido nesta missão, traduzidos, aprofundados e comparados com a realidade brasileira, poderão ser vistos e acompanhados no Retail Trends – Pós NRF, no dia 28 de janeiro de 2025, em São Paulo, nas versões presencial e virtual, e pela cobertura especial que será feita pela plataforma Mercado&Consumo. Conheça mais por aqui.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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