Com um volume geral de vendas (GMV) estimado entre R$ 25 bilhões e R$ 39 bilhões, o TikTok Shop pode representar de 5% a 9% do e-commerce brasileiro até 2028, segundo um relatório divulgado pelo Santander. O estudo destaca que marcas e varejistas não podem se dar ao luxo de não dominar o TikTok. O relatório é assinado pelos analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo.
No Brasil, de acordo com dados da Data.ai, Kepios e Meltwater, analisados pelo Santander, o TikTok conta atualmente com 111 milhões de usuários no país, sendo o terceiro maior mercado global, atrás da Indonésia (161 milhões) e dos Estados Unidos (138 milhões), onde a plataforma pode ser banida.
Em entrevista à Mercado&Consumo no Retail Trends Pós-NRF 2025, In Hsieh, sócio da Gouvêa China Desk, comenta sobre a entrada do TikTok Shop e de outras empresas no varejo brasileiro.
“Acho que a nossa principal preocupação é exatamente entender quais são as características, as estratégias e o que ele pode trazer de diferente. Porque outras empresas também, agora em uma terceira fase – ou talvez uma terceira onda, que a gente pode caracterizar –, são as ondas das marcas de consumo”, afirma.
Um equívoco comum entre os varejistas é a percepção de que o TikTok é uma plataforma voltada apenas para o público jovem. Na realidade, 51% dos usuários têm entre 25 e 44 anos, enquanto 33% estão na faixa dos 18 aos 24 anos, o que demonstra que a ideia de que o aplicativo é dominado pela geração Z está desatualizada. Cada brasileiro passa, em média, uma hora por dia na plataforma — 33% a mais do que no Instagram — e o engajamento no TikTok é de três a quatro vezes maior do que na rede concorrente.
“Então, a gente tem tanto os carros elétricos, que já vêm há dois, três anos – na verdade, carro chinês já está aqui com a Chery há muitos anos –, quanto produtos de tecnologia com marca. A gente teve a Xiaomi lá atrás, em 2014, mas outras empresas começam a entrar com força também”, destaca Hsieh.
Além da grande audiência, a oportunidade para marcas e varejistas está no fato de que, no TikTok Shop, 71% das descobertas de produtos se convertem em compras.
“O que é interessante e novo é que começam a trazer outras estratégias e modelos de negócio que existiam na China e os trazem para o Brasil para replicar, para adaptar ao mercado local, que muitas vezes pode ser diferente do nosso”, conclui.
Presença da plataforma no País
Com o possível banimento do aplicativo nos EUA — caso não seja vendido para uma empresa americana até 5 de abril deste ano —, o próximo país a receber a plataforma completa deve ser o Brasil. O Santander também identificou que 41% das vagas abertas pelo TikTok no Brasil estão relacionadas a atividades de comércio.
“Acreditamos que isso pode indicar um potencial lançamento iminente”, afirmaram os autores do documento. O Santander também analisou as métricas de engajamento e as estratégias de mídias sociais de 28 varejistas listadas em Bolsa para avaliar o quão preparadas elas estão para um possível lançamento do TikTok Shop no Brasil.
Segundo o banco, lideram o grupo as empresas “que já adotam estratégias nativas de plataforma, geram maior engajamento e apresentam menores custos de aquisição de clientes”. Por outro lado, os players tradicionais de lojas físicas ou aqueles com dedicação limitada à plataforma “enfrentam maior ameaça de perda de participação de mercado”.
Nesse cenário, embora tenham elevada exposição, foram classificadas como abaixo do ideal as empresas Azzas 2154 (OP), Guararapes (N), SBF (N) e Vulcabras (OP). Em relação a plataformas como Magalu e Mercado Livre, o Santander prevê a possibilidade de parcerias estratégicas, a exemplo do que ocorreu entre Amazon e TikTok Shop nos EUA.
Com informações de DC News.
Imagem: Shutterstock