Lojas sem vendedores, caixas ou gerentes, onde os clientes podem fazer compras sem passar por nenhuma fila ou serem atendidos por qualquer pessoa. Ou seja, eles apenas se identificam na entrada com o smartphone e, em seguida, vão pegando o que querem nas prateleiras. Feito isso, é possível simplesmente sair da loja e a conta é cobrada no cartão. Parece coisa de ficção científica, mas não é. Num mundo cada vez mais omnichannel, os consumidores podem usufruir da convergência das facilidades do universo digital com a conveniência das lojas físicas. Se você pensa que isto ainda está distante da realidade, saiba que diversas iniciativas neste sentido estão sendo implementadas no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Mas, sem dúvida nenhuma, a Amazon, ao inaugurar a loja “Amazon Go”, em Seattle, em janeiro deste ano, iniciou uma corrida entre os grandes fabricantes de software e hardware para aprimorar esta tecnologia, que, ao que tudo indica, é um caminho sem volta.
No “supermercado do futuro” da Amazon, basta retirar o produto da prateleira e ter o aplicativo da Amazon instalado – o app identifica, por meio de um sistema de (muitas) câmeras e QR Codes, quando um produto é retirado da gôndola. Automaticamente, ele é adicionado à lista de compras. Ao passar por sensores, na saída, a conta é cobrada no cartão de crédito. Como tudo que é disruptivo, a loja tem gerado uma onda de protestos de manifestantes, que entendem que, ao retirar pessoas da linha de frente como operadores de caixa e vendedores, isto causa desemprego. Bom, mas esta é discussão para outro artigo. O fato é que a loja é um tremendo sucesso, formando filas de consumidores para adentrarem nos horários de pico.
Mas é na China que esta união entre varejo e tecnologia está se massificando. Enquanto o Amazon Go tem apenas uma loja, a startup de tecnologia BingoBox, abriu uma loja de conveniência na cidade de Zhongshan (sul da China), sem funcionários, que fica aberta 24 horas e que é totalmente conectada à maior plataforma de mensagens do país – o WeChat (o whatsapp de lá). A unidade compacta tem aproximadamente 15 metros quadrados (apesar do tamanho reduzido, comporta entre 500 a 800 SKUs de produtos, incluindo bebidas, alimentos, produtos de higiene e medicamentos) e se assemelha a um mini container. Esta instalação é projetada para fácil deslocamento, sendo digitalmente programada para se deslocar através de um sistema hidráulico que auto eleva toda a loja e, por meio de rodas desdobráveis, pode ser facilmente empurrada. Já tem 1.000 unidades implementadas e deve finalizar este ano com 5.000!
Mas aqui em terras tupiniquins não ficamos de fora – desde dezembro do ano passado, no Espirito Santo, um grupo de empreendedores resolveram abrir a Zaitt, na Praia do Canto, em Vitória. A loja de conveniência vende diversos produtos, entre legumes, carnes e bebidas, 24 horas por dia, sete dias por semana. O cliente chega, escolhe o produto que quer e vai embora. Todo o sistema de cobrança é controlado por um aplicativo cadastrado no aparelho celular de cada cliente.
Na avaliação de Renato Antunes, um dos quatro sócios do empreendimento, o fato de não ter vendedores ou funcionários dentro da loja gera uma economia de até R$ 10 mil por mês. “A única parte que a gente precisa de força humana é na reposição de estoque. Todo o processo da loja é feito de forma autônoma. O cliente vem aqui e faz todo o processo de compra. A gente tem que vir fazer o controle de estoque e a reposição de mercadorias”.
A questão de vandalismo e roubos é uma preocupação em negócios com esta proposta. Em países com tradição em sistemas self-service, que já operam de forma quase autônoma, como postos de gasolina, self-checkout em supermercados, compra de passagens para trens e metrôs e mesmo as experiências citadas acima, mostram que as ocorrências neste sentido são muito baixas e que não comprometem a viabilidade financeira. Resta saber se o consumidor terá uma sensação de experiência da compra positiva ao se deparar com uma loja sem o calor humano, que nós, latinos, valorizamos tanto. Para acompanhar.
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