O que o franchising faz para a economia mundial é inegável. O modelo é adaptável às mais diversas culturas e geografias. Por ser escalável, ajuda de forma significativa a economia local. Ao desenvolver uma rede, cria-se também toda uma cadeia de novos empreendedores, pessoas que vão gerar empregos e efetivamente criar uma nova classe econômica. Para o franqueador significa ganho de capilaridade e, para o franqueado, acesso a uma fórmula de negócio de sucesso e ganho de escala.
Ou seja, o que a indústria do franchising faz é algo único. Somos capazes de replicar conceitos, com consistência e de forma sustentável, com produtos e serviços que são economicamente viáveis, lucrativos e que carregam consigo nossa identidade e promessa enquanto marca. E nós fazemos isso o tempo todo. Cada vez mais, o modelo do franchising começa a ser explorado num escopo maior, inclusive no contexto social e ambiental.
De forma geral, o franchising social se diferencia do franchising comercial em dois aspectos fundamentais:
- Econômico – No modelo de franquia comercial, a marca pode efetivamente esperar que o consumidor possa pagar o que aquele determinado produto ou serviço vale, e espera obter lucro com isso. No modelo social, o objetivo não é lucrar, mas sim ser autossustentável e ampliar sua área de atuação, ou seja, o crescimento do projeto social. Todos os recursos obtidos são reinvestidos no próprio projeto;
- Finalidade – No franchising comercial, o objetivo é vender coisas que as pessoas querem, sejam elas sanduíches, roupas, serviços ou outro item. No franchising social, o foco é vender o que as pessoas precisam. Ou seja, coisas que supram suas necessidades básicas como água limpa, serviços médicos ou educação. Coisas que para grande parte das pessoas são comuns ou banais, mas que, para alguns países do mundo, são escassas e urgentes.
E ele também se diferencia das demais ações sociais também em três aspectos fundamentais:
- Processos – A replicação da solução se torna efetiva e formalizada para que ineficiências sejam excluídas e as melhores práticas sejam difundidas de forma eficaz e funcional;
- Gestão – Garantir que o processo esteja sendo aplicado corretamente e eficazmente em cada etapa, para que o propósito final seja sendo alcançado de forma sustentável ao longo do tempo;
- Escalabilidade – A intenção é resolver e entregar as soluções para o maior número de pessoas possível, fazendo com que o problema social seja reduzido ou minado.
Um dos grandes problemas que as ações sociais enfrentam é que muitas vezes o foco é na solução imediata, ou seja, no caso de uma comunidade que necessita de água limpa, a ação pode ser construir o poço. Mas, na prática, a construção é apenas o primeiro passo. A partir daí se faz necessária a manutenção do poço, a garantia de que a água está e estará ideal para consumo ao longo do tempo, a conservação do recurso, a capacitação da comunidade para sua utilização, enfim, todos os processos que podem fazer com que ele perdure por muito tempo e atenda a comunidade a contento.
Mas o que é necessário para se estabelecer uma franquia social sustentável?
De uma forma geral, os passos são os mesmos de um negócio comercial. A diferença está na necessidade de se medir e projetar o impacto social ou ambiental que deve ser gerado e não o quanto de receita o negócio tende a trazer.
É necessária a identificação da necessidade básica a ser atendida. A demanda pode ser social ou mesmo ambiental e deve utilizar as boas práticas e ferramentas de gestão do sistema de franquias em seu desenvolvimento. O conceito deve ser amarrado com os aspectos legais e financeiros que podem impactar o negócio.
O modelo tende a ser mais sustentável justamente porque conta com a figura do franqueador, que é quem vai transferir o conhecimento e dar apoio aos seus franqueados na condução da operação.
O sistema já ajudou projetos sociais em todo o mundo a ganhar escala. Nos EUA, a IFA (International Franchise Association) desenvolveu o programa Social Sector Task Force, uma força tarefa que envolve franqueadores, fornecedores, profissionais de franquia em geral que se reuniram para ajudar franqueadores do setor social e ONGs a se tornarem mais eficientes, por meio dos princípios do franchising (http://www.socialsectorfranchising.org/). No Brasil, empresas como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e Formare (Formação profissional de jovens de famílias em situação de vulnerabilidade) também atuam pelo sistema de franquias.
O franchising, por fim, acaba se tornando uma grande forma de potencializar o impacto social que se deseja alcançar em menor tempo, com menor custo e muito mais chance de dar certo.
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