Nos Estados Unidos estima-se que 15% da população de 330 milhões de pessoas já fez alguma forma de compra com pagamento móvel. Na China, 55% da população de quase 1,4 bilhão, fez algum tipo de compra de produtos e serviços pagando com celulares através de super aplicativos, ou super apps. E 94% dessas compras foram pagas pelo Ali Pay ou WeChat Pay.
Não existem estimativas oficiais para o Brasil, mas arriscaríamos que menos de 1% dos brasileiros já fez alguma compra pagando com celular, sem uso de cartão, modalidade que se equivale àquela praticada na China.
Como referência, os pagamentos sem contato através de cartão de crédito no Brasil, representam menos de 1% segundo estudo publicado em 2018 e realizado pela Americas Market Intelligence em parceria com Visa.
O inegável é que nos próximos anos no Brasil o percentual de transações pagas diretamente através do celular e certificadas por um código ou biometria irá disparar e a perspectiva é de que em algum tempo mais essa se torne a modalidade dominante de pagamentos de produtos e serviços no Brasil por uma simples lógica: será a forma mais simples, fácil, ampla e democrática para os consumidores.
Essa constatação é reforçada quando consideramos que temos uma população cada vez mais urbana e das mais jovens do mundo, considerando sua idade média, elementos que estimulam a adoção de novas modalidades, em especial quando consideramos que o atual índice de bancarização entre adultos é de apenas 60% da população.
Vale lembrar que tínhamos (12/2018) no Brasil 229,2 milhões de linhas de celulares, segundo dados da Anatel, ainda que com tendência de queda nos últimos anos e sendo 56,5% deles pré-pagos mas o país estava em 2017 entre os cinco maiores mercados de celulares em todo o mundo.
O jogo já começou: quem vai levar
Na batalha pelo protagonismo dos pagamentos móveis e dos super apps o jogo já começou e algumas peças já estão no tabuleiro.
Em disputa algo muito maior do que a transação financeira em si, por mais relevante que seja o tamanho desse negócio, haja visto os números apresentados pelas adquirentes, bancos e bandeiras no mercado de cartões de crédito.
O que está verdadeiramente em disputa é o conhecimento e monitoramento amplo e irrestrito do comportamento de consumo de produtos e serviços e o potencial de uso desse arsenal para relacionamento, predição e comunicação colocando de fato os consumidores no epicentro de tudo.
Sem falar, outra perspectiva explosiva, do crescimento potencial da desintermediação da atividade financeira ao consumo.que passaria a ser feita por negócios digitais, com outro nível de controle de atividade, perspectiva que vem sendo mais discutida nos meios oficiais.
Como, por incrível que possa parecer, hoje já acontece na China, e se torna o melhor benchmarking global dessa visão do futuro, ao menos nesses aspectos.
Estão nessa direção os movimentos de alguns varejistas para desenvolvimento de seus próprios aplicativos, das empresas de telefonia, dos operadores de sistemas de transporte como Connect Car e Sem Parar, de empresas de entrega como Rappi, fabricantes de celulares, como Samsung e Apple e muitos outros.
Todos estão buscando espaço prioritário para se tornarem protagonistas com participação relevante nesse negócio pois o que está em jogo, de fato, é o futuro do varejo e do consumo, para não falar em termos ainda mais abrangentes, à medida que o ativo em jogo envolve tudo que possa ser embarcado junto com o pagamento, relacionamento e comunicação com o mercado.
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