É consenso que as oportunidades de desenvolvimento do esporte brasileiro, geradas diretamente pela Copa do Mundo de 2014 e pelos Jogos Olímpicos de 2016, ficaram para trás. Em 2017, as já esperadas dificuldades de financiamento do esporte nacional foram confirmadas e ganharam ainda maior dimensão com o agravamento das crises econômica e política no país. Rapidamente o sistema federativo esportivo brasileiro, com exceção do futebol, passou de uma época de abundância histórica de recursos para uma fase de problemas de fluxo de caixa, que dura até hoje.
Esta é a realidade que as lideranças do esporte brasileiro enfrentam no momento. Entre os inúmeros desafios, dois são urgentes: Superar as dificuldades financeiras de curto prazo e promover a necessária evolução da qualidade do produto esportivo nacional para fãs, mídias e marcas. Neste contexto é comum ouvirmos no meio esportivo duas perguntas: – É possível as organizações esportivas colocarem em prática as soluções para esses desafios?’ – Caso positivo, qual é o caminho capaz de acelerar essa evolução?
Sou otimista e acredito que as soluções são possíveis. Meu pensamento baseia-se no seguintes pontos. Primeiro, a expectativa de retomada do crescimento econômico do país, fundamental para o reaquecimento de importantes fontes de receita do setor esportivo, como patrocínios, aquisição de direitos de transmissão, venda de ingressos e produtos licenciados. O segundo ponto é consequência da digitalização da sociedade. As áreas de mídia e marketing estão em plena transformação e a tendência é o crescente uso das verbas de comunicação das marcas em ações ligadas a produção de conteúdo e experiências. Esta tendência pode gerar um fluxo adicional de receitas para o esporte nacional, se o setor estiver preparado para estas entregas. O terceiro fator é a entrada no Brasil de novos “players” globais de mídia como Facebook e outros.
Na busca por conteúdo local, essas empresas podem trazer novas receitas, além de dar mais visibilidade e valorizar as propriedades esportivas nacionais. Por último, estamos vendo no Brasil os resultados e o sucesso de algumas propriedades esportivas que passam a ser referências de boas práticas de gestão para o mercado. Tanto propriedades internacionais com operações locais como NBA e UFC, quanto diferentes projetos nacionais que vem mostrando nítida evolução, como os casos do Flamengo, da NBB e do Rugby Brasil.
Porém, os pontos acima só poderão realmente impulsionar de forma ampla o esporte brasileiro, se todos os agentes do setor (entidades, atletas, patrocinadores, mídias, agências, instituições de ensino e setor público), unirem esforços e priorizarem um único caminho: acelerar a gestão profissional, inovadora, eficiente e continuada do esporte nacional. É fundamental encontrar as formas de implantar, o mais rápido possível, estruturas organizacionais totalmente atualizadas e capacitadas para entender e atender as demandas atuais do esporte como um negócio de entretenimento e mídia.
Se desejamos que o esporte e a prática esportiva em nosso país continuem impactando e transformando positivamente a vida das pessoas, este é caminho a seguir.
Muito acima de agendas de interesse pessoal, este deve ser o propósito e o legado das lideranças do esporte brasileiro.
NOTA: No SUMMIT SPORTLAB, no dia 05/12, quinta-feira, serão apresentados diversos temas atuais ligados à gestão do esporte. Estarão presentes os principais líderes e executivos do esporte brasileiro, debatendo assuntos como: experiência do fã, programas de patrocínio, ativação, o novo consumo de conteúdo esportivo, digitalização da sociedade, o futuro da mídia, o mercado de streaming, gestão de propriedades esportivas e projetos sócio esportivos, entre outros.
Para os participantes será a oportunidade de conexão com importantes “players” do mercado esportivo, além da troca de conhecimentos e revisão do pensamento estratégico e operacional sobre o esporte enquanto produto de entretenimento, conteúdo multiplataforma, instrumento de marketing e agente de desenvolvimento humano.
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