A semana aqui em Nova York começou com uma conversa entre o ex-presidente do The Federal Reserve System, Ben S. Bernanke, e Stephen I. Sadove, presidente da Saks, Inc. e presidente do conselho da National Retail Federation (NRF).
Sob o tema “Os desafios globais da economia e as oportunidades para o sucesso”, os participantes puderam conhecer um pouco sobre o processo estratégico comandado pelo economista durante o período mais árduo para a economia recente dos Estados Unidos (que culminou na crise de 2008), entre os anos de 2006 e 2014, e como, a partir de um processo colaborativo, ele deu início à recuperação do sistema financeiro americano.
Olhar no futuro, enxergando o passado
Uma das lições mais importantes transmitidas por Bernanke foi a necessidade de revisitar o passado para entender o presente e traçar a melhor estratégia para o futuro. O ex-presidente do banco central americano contou que estudou profundamente a crise de 1929 e como o pânico financeiro desencadeou a corrida aos bancos. “Identifiquei a mesma situação de pânico ainda em meados de 2007 e entendi que precisava fazer diferente desta vez”, já que tinha como novo desafio um mundo globalizado e sensibilizado.
Para conseguir “fazer diferente”, Bernanke apostou em um processo colaborativo, mantendo contato constante com lideranças econômicas de outras nações, a exemplo do Japão e de países da União Europeia. Esse processo, que ele definiu como blue sky thinking, de engajar e conectar pessoas, fazendo com que elas acessem seu espírito de criatividade e sintam-se parte e responsáveis pela desafiadora missão, foi uma das ações que nortearam o processo de recuperação da economia americana. “Entendi que era um pânico financeiro, aprendi com a história a fazer o oposto do que fizemos em 1930”, ponderou.
Transparência e inovação
Com a missão de democratizar o FED e tornar a política monetária americana mais transparente, Bernanke decidiu abrir o diálogo com o mercado, na contramão de seus antecessores. “Na crise, você precisa explicar para as pessoas os seus planos e a sua estratégia. O diálogo é a forma de fazer o mercado reagir”, ponderou.
E agora?
Segundo o ex-presidente do FED, a economia americana vive o seu melhor momento, apesar de ainda soprarem ventos contra a recuperação. Com PIB na casa dos 4%, ainda restaram problemas da crise financeira que estão limitando essa recuperação, como os níveis salariais, que não estão crescendo. Para Bernanke, esse é um problema enfrentado principalmente pela classe média americana, que precisa, agora, investir em qualificação para almejar postos mais altos na carreira. Os tempos mudaram.
Os problemas enfrentados por grandes mercados, como alguns países da União Europeia, antigo parceiro comercial dos EUA, a instabilidade de mercados emergentes e a reação do dólar (que no longo prazo pode trazer riscos à economia do país), são sinais de alerta. Mesmo assim, a confiança do consumidor está crescendo, o que mostra um certo clima de otimismo, bom para o varejo.
Mudar é preciso
A segunda-feira terminou com uma sessão inspiradora. Terry Jones, presidente da Wayblazer e fundador da Travelocity.com e da Kayak.com, deu uma aula de inovação para varejistas que almejam se tornarem únicos e relevantes, oferecendo uma experiência de consumo surpreendente para seus clientes.
“A mudança é inevitável. O crescimento é uma opção”, disse o visionário, que foi um dos pioneiros em transformar o segmento de viagens que, hoje, é o maior do e-commerce.
Um tema recorrente foi a cultura de resgatar o passado para inovar no presente. Para Jones, a partir dos erros e fracassos é que se aprende a empreender e, consequentemente, buscar a inovação. Persistência, erros e acertos.
Outra dica do empresário é apostar em equipes de inovação pequenas. Segundo ele, se você precisar alimentar a equipe com mais do que duas pizzas, dificilmente você terá a inovação. E outro insight: ouça todos os colaboradores. As melhores ideias vêm das pessoas que lidam diretamente com os clientes. Esteja atento e aprenda a ouvir!
Esse é, aliás, um dos sentidos que os varejistas precisam desenvolver cada vez mais. Ouvir colaboradores e, essencialmente, clientes. A partir de pesquisas, do contato, da percepção durante o atendimento com o cliente, seja presencialmente ou por meios digitais, a regra é ouvir atentamente o que ele tem a dizer sobre o seu produto e o seu serviço. Você poderá aprender muito a partir daí.
Construa protótipos. Experimente, faça modelos do negócio, produto ou serviço, coloque para funcionar, teste o que está dando certo e olhe com atenção para identificar o que não está indo muito bem. Hoje a tecnologia proporciona a fabricação de protótipos por meio de impressoras 3D por exemplo, que podem ajudar a tomar as melhores decisões na hora de viabilizar ou não uma ideia, minimizando riscos, orienta o empresário.
Tenha foco total, clareza de visão e coragem para fazer o que você precisa fazer. E mantenha-se sempre fora da sua zona de conforto. “O conforto não é algo positivo. Esse nervosismo é o combustível necessário para estimular as melhores ideias”, concluiu.
Veja abaixo a opinião de Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza e Eduardo Yamashita, diretor da GS&MD – Gouvêa de Souza, sobre a keynote.
Esse foi só um pequeno resumo do primeiro dia de palestras do NRF Big Show 2015. Continue acompanhando a cobertura completa do evento e da delegação da GS&MD – Gouvêa de Souza pelas redes sociais, TV Mercado & Consumo e na próxima edição da Revista Mercado & Consumo.