Alvo de grande pressão nas redes sociais depois da morte do brasileiro João Alberto Silveira Freitas numa loja no Brasil, o CEO global do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, se pronunciou sobre o caso nesta sexta-feira (20).
No Twitter, ele postou mensagens dizendo que as medidas tomadas pelo Carrefour Brasil são insuficientes e pedindo uma “revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros”.
João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, foi morto na noite de quinta-feira por dois seguranças de uma loja de Porto Alegre (RS). O primeiro resultado da necropsia aponta que a causa da morte foi asfixia. Os agressores foram presos, suspeitos de homicídio doloso.
O caso gerou indignação em todo o País. Segundo reportagem do portal UOL, cerca de 2.500 mil pessoas se reuniram em um protesto no fim da tarde desta sexta na zona norte de Porto Alegre, em frente ao acesso principal da loja. Um grupo de cerca de 50 pessoas tentou invadir o supermercado fechado, mas foi contido pela Brigada Militar.
Em São Paulo, uma unidade da Rua Pamplona, na região central, manifestantes quebraram o portão de ferro e a fachada de vidro do supermercado, jogaram pedras e depredaram. Um princípio de incêndio foi controlado. Ninguém se machucou.
Imagens ‘insuportáveis’
“Em primeiro lugar, gostaria de expressar meus profundos sentimentos, após a morte do senhor João Alberto Silveira Freitas. As imagens postadas nas redes sociais são insuportáveis”, escreveu Alexandre Bompard.
Ele afirmou que pediu para as equipes do Grupo Carrefour Brasil total colaboração com a Justiça e autoridades para que os fatos do que classificou como “ato horrível” sejam trazidos à luz.
“Medidas internas foram imediatamente tomadas pelo Grupo Carrefour Brasil, principalmente em relação à empresa de segurança contratada. Essas medidas são insuficientes. Meus valores e os valores do Carrefour não compactuam com racismo e violência”, afirmou.
O CEO disse, ainda, esperar que o Grupo Carrefour Brasil se comprometa, além das políticas já implantadas pela empresa. “Peço, neste sentido, que seja realizada uma revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros, no que diz respeito à segurança, respeito à diversidade e dos valores de respeito e repúdio à intolerância.”
Segundo Bompard, esta revisão será acompanhada de um plano de ação “definido com o suporte de empresas externas para garantir a independência deste trabalho”.
Normas reforçadas
Mais cedo, o Grupo Carrefour Brasil havia emitido nota lamentando a morte de João Alberto Silveira Freitas e classificando o caso como “lamentável e brutal”.
A empresa informou que “definiu que todo o resultado de lojas Carrefour no Brasil nesta sexta-feira, 20 de novembro [Dia da Consciência Negra no Brasil] será revertido para projetos de combate ao racismo no País. “Essa quantia, obviamente, não reduz a perda irreparável de uma vida, mas é um esforço para ajudar a evitar que isso se repita”, disse a nota.
A empresa afirmou, ainda, que todas as lojas do grupo em todo o Brasil abrirão duas horas mais tarde neste sábado (21) para que, neste tempo, as normas de atuação exigidas pela empresa a seus funcionários e empresas terceirizadas de segurança sejam reforçadas. A loja do bairro Passo D’Areia será mantida fechada.
“Estamos buscando contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário neste momento difícil”, diz o comunicado.
O Carrefour também rompeu o contrato com a empresa que responde pelos seguranças envolvidos no caso e demitiu o funcionário que estava no comando da loja no momento do ocorrido. “Reiteramos que, para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que ocorreu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais.”
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