A cláusula antirracista que será aplicada a partir da quinta-feira (29) em todos os contratos de fornecedores do Carrefour Brasil pode gerar a rescisão imediata e o pagamento de multa para quem descumprir qualquer obrigação. O valor da multa correspondente a 30% do equivalente a 12 meses do contrato. A quantia será revertida, pelo Carrefour, à proteção dos direitos humanos.
Entre outras responsabilidades, a companhia exige observância e respeito aos direitos humanos, diversidade e dignidade. A base dessas exigências são critérios internacionais e da legislação brasileira.
A cláusula também exige respeito às diretrizes da Cartilha de Diversidade da companhia e obrigação de replicá-la junto aos seus colaboradores, fornecedores, subcontratados e terceirizados. É exigido ainda a aplicação de treinamentos sobre o tema de forma rotineira.
Debate sobre racismo
A medida foi anunciada nesta quarta-feira (28) durante um evento online comandado pelo CEO do Carrefour Brasil, Noel Prioux, para debater o combate ao racismo nas corporações e a promoção da equidade. O fórum teve como público cerca de 16 mil fornecedores do grupo e contou com a participação de diversos CEOs e executivos em cargo de liderança.
“Queremos que todos que se relacionam com Carrefour adotem as melhores práticas, apoiem iniciativas e incentivem mudança de comportamento. Não basta combater o racismo, é preciso ser antirracista”, disse Prioux.
Na prática, a cláusula vem sendo aplicada desde janeiro para novos contratos, e agora foi comunicada para toda a base por meio de uma carta que ainda inclui a política revisada de diversidade do grupo e a política de consequências.
A cláusula faz parte de uma série de 72 iniciativas reunidas oito compromissos públicos para o combate à discriminação e inclusão de negros e negras, assumidos pela empresa como forma de contribuir para o enfrentamento do racismo no Brasil desde novembro, após a morte trágica de um cliente em uma loja em Porto Alegre (RS).
A empresa também apresentou novas diretrizes para a segurança interna das lojas, que passou por mudanças como internalização dos agentes de fiscalização e implementação de um novo modelo. Ainda foram apresentados projetos de fomento ao empreendedorismo, apoio a iniciativas de combate ao racismo e fortalecimento de organizações da sociedade civil com ênfase na população negra no Brasil.
As iniciativas do Grupo para combater o racismo estrutural podem ser acompanhadas por meio de um site específico sobre o assunto (clique aqui para acessar).
Apesar do esforço da empresa em se adaptar aos conceitos ESG (Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Governança), o Carrefour ainda coleciona tragédias. Nesta semana, um funcionário do hipermercado Carrefour do Limão, na Zona Norte de São Paulo, morreu após um acidente com uma empilhadeira. Matheus Silva, de 20 anos, era operador de loja, mas a família argumenta que havia desvio de função, porque ele usava o equipamento sem ter preparo para manuseá-lo.
Com informações Estadão Conteúdo
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