Crises financeiras sucessivas tiraram, ao longo dos anos, o poder de investimento dos varejistas no Brasil. Isso faz com que as empresas do setor precisem correr para se atualizar quando o assunto é inovação tecnológica. É um movimento inevitável, na análise do CEO do Banco Carrefour, Carlos Mauad. “O varejo precisa tirar o ‘gap’ de tecnologia”, disse, durante a quarta edição do evento “Quando os presidentes se encontram”, realizada nesta terça-feira (20) pela Gouvêa Ecosystem.
O evento virtual, que reuniu mais de 60 CEOs de grandes empresas, teve como tema as “Transformações do mercado financeiro e seus impactos no varejo e consumo”. Além de Mauad, contou com a participação do presidente do Banco Original, Alexandre Abreu. A mediação foi do fundador e CEO da Gouvêa Ecosystem, Marcos Gouvêa de Souza, que também é publisher da plataforma Mercado&Consumo.
Para Mauad, as empresas do varejo não podem abrir mão de atuar também na área de pagamentos, porque ela é central nos negócios. “O banco acaba sendo o braço que promove todas as soluções para o consumidor final, para os parceiros e para os fornecedores no que diz respeito a produtos finais e financeiros”, afirmou.
Apesar de destacar o trabalho feito pelas fintechs e big techs, ele considera que os grandes bancos ainda são seus maiores concorrentes, por causa da ampla capacidade de investimento dessas instituições financeiras.
O executivo do Banco Carrefour destacou, ainda, o trabalho que vem sendo feito pelo Banco Central do Brasil, responsável pelo desenvolvimento do sistema de pagamentos eletrônicos Pix, pelo cadastro positivo e pelo Open Banking. “É um caso único no mundo”, salientou.
A revolução do Pix
O presidente do Banco Original, Alexandre Abreu, também chamou a atenção para essas iniciativas. Para ele, o Pix revolucionou os meios de pagamento no Brasil e tem potencial de substituir até mesmo os cartões de débito e crédito, que são os preferidos pelos brasileiros.
“O Pix Saque tem um potencial gigantesco para substituir os caixas eletrônicos porque os estabelecimentos [comerciais] vão poder desovar o dinheiro do caixa casado com a compra. Também tem potencial para concorrer com os cartões de débito e crédito, com o agendamento de pagamento, por exemplo”, disse.
Abreu acredita que o comércio que não se adaptar para receber o Pix não vai conseguir vender porque o consumidor quer usar o celular para pagar. No Banco Original, 82% dos valores recebidos e 78% dos enviados já são feitos por esse meio.
Da mesma forma, o Open Banking, que está sendo implantado pelo Banco Central, causará uma transformação no mercado. “O Open Banking tem potencial para aumentar muito a concorrência no mercado financeiro. Os bancos tradicionais sabem quando o cliente recebe, o que ele paga e o que ele faz com o dinheiro. Esses dados possibilitam que eles saibam qual é o melhor momento de oferecer um produto. Já os digitais e as fintechs não possuem esse histórico.”
A segunda fase do Open Banking, que foi adiada pelo BC, vai permitir que os clientes autorizem o compartilhamento de dados e façam a portabilidade com outros bancos e fintechs. “À medida que o cliente se conscientiza de que ele é o dono desses dados e que pode fornecer para quem quiser, [os bancos digitais e fintechs] vão poder formatar melhores ofertas”, afirmou.
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