O anúncio do corte de juros de uma das linhas de crédito imobiliário da Caixa Econômica Federal nesta quinta-feira (16) foi celebrado pelo presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França. “É uma boa notícia para o setor, porque essa redução dá mais fôlego para os compradores”, disse.
O banco estatal anunciou redução de 3,35% para 2,95% na taxa de juros para o crédito imobiliário na modalidade SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). As contratações com a nova taxa terão início em 18 de outubro. O prazo de financiamento é de até 35 anos. O banco afirma que há a opção de carência de seis meses para início da parcela de juros e amortização.
A linha de crédito corrigida pela poupança tende a gerar um custo efetivo crescente para o mutuário no curto prazo, uma vez que a caderneta acompanha a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), que deve encerrar 2021 em torno de 8% ao ano ante os 5,25% atuais, segundo o Boletim Focus, do Banco Central.
Ainda assim, é um produto muito interessante para os consumidores, na visão do presidente da Abrainc. “Todos nós esperamos que os juros básicos voltem a ficar mais baixos no longo prazo, o que vai dar um alívio para esses financiamentos”, comentou.
A cerimônia em Brasília para anunciar o corte de juros em uma das linhas da Caixa contou com a participação de 50 membros da Abrainc. Entre eles, também estava o presidente do conselho da associação e controlador da MRV, Rubens Menin.
Na contramão dos bancos privados
O movimento da Caixa vai na contramão das sucessivas altas da taxa básica de juros, a Selic, e também dos aumentos feitos pelos concorrentes nas linhas de crédito tradicionais, como mostrou reportagem do Estadão. Santander, Bradesco e Itaú Unibanco aumentam em cerca de um ponto porcentual as taxas dos financiamentos imobiliários tradicionais (corrigidos pela TR).
Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, a redução foi possível porque a Caixa registrou R$ 300 bilhões contratados na atual gestão e segue como o maior financiador da casa própria no país, com 67% de participação do mercado. Em agosto de 2021, foram R$ 14 bilhões em novos contratos, sendo o mês de maior contratação da história da Caixa.
Na coletiva, Guimarães afirmou que o banco tem mais de R$ 200 bilhões em títulos públicos, que remuneram a Selic. Por este motivo, quanto maior a taxa básica de juros, maior o ganho do banco, disse. “Nós vamos reduzir o spread (diferença entre o que o banco paga para captar e o que cobra do cliente), especificamente na linha de poupança”, garantiu.
Nesta linha específica, com correção atrelada à poupança, o Itaú já tinha reduzido a taxa esta semana de 3,45% para 2,99% ao ano e o Bradesco manteve os juros em 2,99% ao ano. Mas, neste caso, essa parcela é somada à variação da remuneração da poupança, que corresponde à 70% da Selic. E quando a taxa básica de juros aumenta, essa parcela acompanha.
O Banco Central iniciou em março um ciclo de aperto nos juros básicos, elevando a Selic da mínima histórica de 2% para o patamar atual de 5,25% ao ano. Na próxima semana o Comitê de Política Monetária se reúne novamente, sendo que as sinalizações mais recentes do BC apontavam para novo aumento de 1 ponto porcentual nos juros.
Sobre o programa para os profissionais de segurança pública, o Habite Seguro, Guimarães afirmou que a Caixa irá direcionar R$ 5 bilhões para esses empréstimos subsidiados nos próximos quatro meses, mas que poderá elevar esse montante para de R$ 10 bilhões a 15 bilhões se houver demanda.
Com informações Estadão Conteúdo (Circe Bonatelli)
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