Como já conversamos por aqui, é fundamental, na realidade atual, falarmos a respeito do impacto da tecnologia no setor empresarial. Assim como é importante ressaltar que consequências mundiais geradas pela pandemia intensificaram esse processo. Porém, pelo menos na reflexão de hoje, vamos deixar essa questão de lado para associar as transformações digitais com as culturais.
O ambiente físico está evoluindo com novas competências. Mas, enquanto isso, mundos digitais paralelos seguem em amplo desenvolvimento. Esse cenário faz com que grandes empresas mudem as operações internas. Com o exponencial aumento de oportunidades em todos os “novos mundos”, é necessário encontrar um meio para que a transformação digital aconteça de forma natural, mas sem esquecer de adaptar e considerar, além do trabalho, o mindset de cada um dos colaboradores.
Um estudo da Accenture, conhecido como Technology Vision, aponta que os anos 20 terão empresas amplamente ambiciosas que darão vida aos novos mundos físicos e digitais, bem como universos povoados por pessoas e, simultaneamente, pela atuação direta e “presente” da inteligência artificial. Novos tipos de computadores, que usam novas tecnologias, foram os grandes responsáveis pelas mudanças de paradigma.
Desenvolvimentos robustos como esses desafiam suposições básicas na relação entre tecnologia e negócios. Com isso, a sociedade entra em um novo cenário isento de regras e expectativas, que expõe a oportunidade de construir um ambiente moldado aos mundos do amanhã. E, quando o novo ambiente é considerado, a questão cultural ganha protagonismo.
De qualquer forma, mesmo com certa liberdade, é necessário reimaginar as dimensões da empresa, desde modelos operacionais até seus core values. Líderes com visão de futuro já começaram esse processo.
O mundo está diante de um princípio único. E não só porque existem novas tecnologias para dominar, mas porque competir, nessa próxima década, exigirá muito mais do que habilidades tecnológicas e de inovação. A verdade é que vai exigir, também, uma visão verdadeiramente competitiva, tanto para como serão os mundos futuros, quanto para o que as empresas precisarão adaptar para ter sucesso. A tecnologia nos aponta a direção: o desafio é saber como seguir o caminho.
Na realidade, transformação digital e transformação cultural caminham de mãos dadas. Vamos pensar em uma instituição de ensino como exemplo. Substituir lápis e caderno por notebooks não basta. A inserção da tecnologia em escolas – e todos os demais setores – passa por diversas fases importantes. A aquisição de equipamentos é a última decisão. Primeiramente, é preciso se perguntar qual a intenção do uso da tecnologia, para então definir qual será utilizada e como será o processo.
Ao definir o equipamento, o próximo passo a considerar é a capacitação dos professores. Não se trata de simplesmente conhecer as ferramentas, mas, sim, saber como utilizá-las nas práticas pedagógicas, na metodologia aplicada, no cotidiano da sala de aula. A formação não se resume a ensinar a “mexer no botão”. O educador deve saber como ele desenvolverá as práticas pedagógicas.
A incorporação da tecnologia no cotidiano de profissionais de qualquer setor envolve a participação direta dos colaboradores e a efetiva transformação cultural. Para que isso ocorra, o apoio institucional é imprescindível e deve oferecer formação e liberdade para inovar.
É importante, ainda, que essa transformação cultural aconteça de forma gradual e o mais naturalmente possível. Como citado, o objetivo inicial deve ser entender o porquê da adoção da tecnologia e como ela funcionará no trabalho dos colaboradores e como ela vai impactar os resultados da empresa.
Somente com uma cultura forte, consolidada e muito clara na mente de todos, da diretoria aos colaboradores, é que será possível preparar os funcionários na condução de transformações dos processos digitais e culturais.
Com convicção de mudar comportamentos, os gestores passam a entender como adotar essa “mudança” e, também, como adotar as ferramentas e habilidades necessárias para fazer acontecer. A consequência direta é: melhores resultados para a organização.
Podemos concluir, então, que a transformação cultural reúne uma série de anseios, motivações e objetivos que se manifestam numa orientação comportamental de líderes e colaboradores com foco nos resultados. Mais uma vez, isso deve acontecer sem deixar de lado a adaptabilidade dos colaboradores em relação ao uso de tecnologia e adoção de novos processos. Pessoas e máquinas também devem dar as mãos para que a transformação, de forma efetiva e eficaz, aconteça.
Carlos Carvalho é CEO da Truppe!
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