A proposta de aquisição feita pelo Wal-Mart para varejista de roupas Bonobos, surgida nesta semana, marca o movimento mais recente da companhia norte-americana para tentar recuperar o espaço perdido para a Amazon.com e outras empresas no mundo em rápido crescimento da moda online, dizem analistas e consultores do varejo.
Se o Wal-Mart tiver sucesso, a estratégia do maior grupo varejista do mundo no setor de moda também pode aumentar o acesso da marca por jovens, consumidores que em geral não compram no Walmart.com.
Um acordo com a Bonobos pode marcar a quarta aquisição do Wal-Mart de pequenas marcas de roupas e acessórios online, desde o começo deste ano.
As aquisições estão dentro da estratégia online liderada por Marc Lore, fundador da varejista online Jet.com. O executivo assumiu os negócios de comércio eletrônico do Wal-Mart em agosto, depois que a companhia norte-americana comprou a Jet por 3,3 bilhões de dólares.
O Wal-Mart teve vendas em 2016 de mais de 23 bilhões de dólares, segundo a consultoria Fung Global Retail & Technology. Mas apesar do gigantismo no varejo físico, a companhia não conseguiu replicar esse sucesso no mercado online.
As vendas de comércio eletrônico do Wal-Mart representam apenas 3% do faturamento da empresa, segundo a própria companhia. No segundo semestre deste ano, o objetivo é crescimento da receita online de 20 a 30%.
Jan Rogers Kniffen, diretor executivo da consultoria em varejo J. Rogers Kniffen WWE, disse que os acordos que a Wal-Mart vem firmando com marcas especializadas em moda podem começar a trazer resultados positivos, por enquanto elas ainda são muito pequenas para ter impacto substancial no grupo.
Na busca pelas vendas online, o Wal-Mart também tenta conter a perda de mercado para a Amazon no competitivo segmento. A Amazon é líder no mercado online de vestuário e calçados, com vendas de 13 bilhões de dólares em 2016, um aumento de 9 bilhões em comparação com cinco anos atrás. A gigante do varejo online deve triplicar sua participação no mercado norte-americano de vestuário nos próximos quatro anos, segundo dados das empresas de pesquisa de mercado Euromonitor e Forrester.
Howard Davidowitz, presidente da consultoria varejista Davidowitz & Associates, disse que os esforços anteriores do Wal-Mart em comprar participações de mercado por meio de aquisições não teve sucesso ainda.
“Eles estão envolvidos nessa estratégia há um longo tempo. E como foram? Terríveis”, disse Davidowitz. “E o Marc Lore tem continuado essa estratégia.”
Lore não comentou o assunto.
A Wal-Mart tem investido no varejo online pelos últimos 15 anos, mas continua muito atrás da Amazon. Nos cinco anos depois do acordo com a Jet.com, o Wal-Mart adquiriu mais de 15 empresas de tecnologia iniciantes. A companhia ainda não revelou o quanto gastou com cada acordo, mas disse em janeiro que investiu um total de 3,1 bilhões de dólares em comércio eletrônico e projetos digitais nos últimos quatro anos fiscais.