Neste fim de semana, passei por duas situações interessantes. Fui à feira e me deparei com um menino que deveria ter por volta dos seus 7 anos. Ele me abordou tentando vender pirulitos e perguntei o preço. “R$ 1 cada um”, disse. Bom, eu resolvi comprar dois doces e devolver um para ele para que pudesse ganhar mais dinheiro. “Não é certo!”, devolveu a criança. “Você me deu R$ 2, tem de levar dois doces.” Eu ainda insisti explicando que tinha comprado e dado de presente para ele, que saiu correndo e gritou: “Dê para outra criança.”
Aquilo ficou na minha cabeça e imaginei como a família desse menino tinha o educado bem e o quanto eu tinha aprendido na minha passagem pela feira. No entanto, logo em seguida, fui para a minha empresa estacionar o carro. Estou fazendo uma reforma e um dos pintores comentou que um homem, com um carro de luxo, estava estacionando o seu carro num local com a guia rebaixada. O pintor, gentilmente, disse: “Moço, acho melhor você não estacionar. Pode levar uma multa, pois a guia é rebaixada.” De forma agressiva, o motorista desceu do carro, retrucando que iria deixar lá mesmo, pois o espaço era público.
Duas ações paradoxais, mas que têm relação com o nosso futuro. Diante das 152 milhões de pessoas no Brasil com acesso à internet (de acordo com o IBGE entre 2020 e 2021), muitas pessoas se despontaram como influenciadores nos últimos anos. Mas agora, com tanta gente, o próximo passo será com quem realmente eu quero me conectar!
Mais do que nunca, a reputação começa a fazer a diferença. Suas atitudes serão congruentes com as suas postagens. Isso já ocorre. Aprendi essa semana uma frase de Maquiavel importante para o momento: “Mais importante do que ser é parecer ser.” Não há dúvidas que as fake news continuarão existindo e influenciadores continuarão se escondendo atrás de filtros em suas fotos, mas as pessoas buscarão confiança.
Participei de um evento neste ano em que admirava um famoso palestrante. No entanto, suas atitudes nos bastidores foram totalmente incongruentes com a sua fala no palco, fazendo exigências sem sentido, com certo desprezo às pessoas que o assistiam. Depois disso, perdi totalmente o interesse e não o sigo mais.
E você ou sua empresa, o que estão fazendo para gerar confiança? Ouvi muito os profissionais de trade comentando sobre personalização e o quanto isso traz o consumidor para perto. “Se o cliente sente que você o conhece, ele estabelece laços de confiança com você”, ouvi de um deles. Correto, mas acredito que é só um passo. Olhem a conceito de confiança no dicionário Michaelis:
- Credibilidade ou conceito positivo que se tem a respeito de alguém ou de algo; crédito, segurança.
- Crença de que algo é de qualidade superior e não falhará.
- Sentimento de segurança em relação a si mesmo; firmeza.
- Crença ou fé de que determinadas expectativas se tornarão realidade; esperança.
Com certeza, temos muito o que discutir em cima dessa palavra, ao mesmo tempo simples e complexa. Por isso, será o tema de nosso próximo evento do Instituto Mulheres do Varejo ainda este ano. Diversidade, assunto de que tanto falamos, segue como fator importante neste quesito, mas aplicada de forma genuína.
Acredito muito que buscaremos conexões, mas sairá na frente quem estabelecer laços de confiança.
Sandra Takata é presidente do Instituto Mulheres do Varejo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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