A multinacional Nestlé está comprando a brasileira Kopenhagen por cerca de R$ 3 bilhões. A informação foi divulgada pelo portal Brazil Journal nesta quarta-feira, 6. A compra inclui a Brasil Cacau, outra marca do grupo CRM, dono da Kopenhagen.
De acordo com a reportagem, a gestora de investimentos Goldman Sachs e o escritório Mattos Filho assessoraram a Kopenhagen na operação. A Nestlé foi assessorada pelo banco de investimento UBS BB.
A Mercado&Consumo está em contato com as assessorias de imprensa de Nestlé e de Kopenhagen e aguarda retorno das empresas.
Ainda de acordo com o Brazil Journal, a Advent, a gestora de private equity que havia comprado o controle da Kopenhagen em 2020, decidiu sair do ativo por meio da venda para um player do mercado em vez de fazer um IPO, como estava sendo cogitado inicialmente.
Em julho, o jornal Valor Econômico já havia informado que a gestora estava buscando interessados em comprar a Kopenhagen. Outros players teriam sido sondados, como a Lindt e a Cacau Show.
Aprovação da compra da Garoto
A operação é anunciada pouco mais de depois meses após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) finalmente ter aprovado a compra da Garoto pela Nestlé. O caso é emblemático no Cade, tanto pelo tempo que tramitou na autarquia, 20 anos, quanto pelos episódios que marcaram o processo, com idas e vindas e decisões judiciais que impuseram a reanálise do negócio pelo conselho.
A Nestlé comprou a Garoto em 2002, mas a operação acabou vetada pelo Cade dois anos mais tarde. Na época, os julgamentos eram feitos após o negócio ter sido concretizado. A Nestlé recorreu à Justiça e conseguiu, em 1ª instância, suspender a decisão em 2005. Em 2009, porém, a Justiça anulou a decisão da 1ª instância e determinou que o órgão de analise concorrencial julgasse o negócio novamente.
A Nestlé voltou a recorrer da decisão em diferentes instâncias para manter a anulação do primeiro julgamento e a aprovação automática da operação. Só em 2018 o Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF1) negou recurso da Nestlé e, em abril de 2021, um novo recurso no mesmo processo. Na prática, a decisão manteve a determinação judicial de 2009, que ordenou novo julgamento pelo Cade.
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