Grupo de mulheres mexicanas promove tour gastronômico da culinária local

Especializado em comida de rua e mercados locais, Eat like a local estimula o empoderamento das mulheres

Promover passeios gastronômicos e apresentar os segredos da cultura culinária local é a proposta do Eat like a local, na Cidade do México. Criada por Rocio Vazquez Landeta, a agência é composta apenas por mulheres inspiradoras.

Nesta terça-feira, 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, o Eat like a local é um exemplo da importância do empoderamento feminino. “A independência financeira é vital quando você precisa fugir de qualquer situação ruim como mulher. Eu acredito que como mulher tenho a responsabilidade criar espaços de trabalho mais seguros e melhores para outras mulheres”, conta Rocio, que se inspirou em criar a Eat like a local em uma viagem feita à Istambul, na Turquia.

Após tomar um porre, foi levada por um sem-teto para conhecer a cidade e comer mexilhões e sanduíches de peixe. “Nesse dia me apaixonei pela Turquia e decidi que queria criar uma experiência semelhante, mas profissional no México. Quando voltei daquela viagem, larguei meu emprego e comecei a Eat Like a Local”, diz.

Nessa época, ao se separar de seu namorado, após um relacionamento violento, Rocio percebeu que, muitas vezes, as mulheres se prendem a relacionamentos abusivos por falta de independência financeira. E decidiu montar uma equipe formada apenas por mulheres e pagar salários acima da média no mercado, além de proporcionar um local de trabalho flexível e oficinas e educação contínuas. Todas as guias são fãs de comida e fluentes em inglês.

Como funciona

A Eat like a local oferece passeios gastronômicos para pequenos grupos pelos mercados da Cidade do México. “Somos especializados em comida de rua e mercados locais. Todos os nossos passeios incluem comida ilimitada e são muito flexíveis para proporcionar a melhor experiência. Por isso, a personalização é fundamental”, explica.

No passeio, os turistas conhecem também os bairros da Cidade do México e suas histórias e curiosidades. Um exemplo é o passeio Comida Mexicana 101 – Mercados + Comida de rua, que passa por quatro bairros tradicionais e inclui café artesanal com pão doce, diferentes tacos, michelada (bebida mexicana feita com cerveja, suco de limão, molhos variados), tortilhas e sorvete.

A agência faz parte do turismo sustentável. Rocio enfatiza suas relações com os fornecedores nos mercados, pagando-os de forma justa e fazendo relacionamentos duradouros. Ela também criou o programa 80IQ, onde as meninas aprendem inglês e recebem mentoria para terem melhores oportunidades quando crescerem.

No Brasil

No Brasil, a cultura da comida de rua viveu um momento de formalização com o boom dos foodtrucks, seguido pela revitalização dos grandes mercados municipais, mas ainda enfrenta muitos desafios, na opinião de Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice.

“A comida de rua sofre muita pressão devido aos desafios para manter práticas higiênico-sanitárias adequadas. O que é algo extremamente correto. Trabalhar com alimentação é algo muito sério, envolve a saúde das pessoas”, diz.

Cristina vê espaço para esse tipo de passeios gastronômicos no País e cita como exemplo o trabalho da empresa Vivejar, criada pela Marianne Costa. “Ela não seleciona exclusivamente mulheres, mas as privilegia para criar experiências de viagens integradas não só a alimentação, mas aos hábitos de vida das comunidades brasileiras. Eu acredito muito no modelo”, diz.

Para que esse tipo de cultura prospere, Cristina cita as plataformas de capacitação desenvolvidas pela indústria, por distribuidores, atacadistas, ONGs e até consultorias.

“As indústrias criaram plataformas para comercialização de produtos, startups surgiram… enfim, a comida de rua e a culinária afetiva é a base da culinária brasileira, o que precisamos é achar o equilíbrio entre cultura e boas práticas”.

Domínio masculino

No Brasil como no México, o setor de alimentação ainda é dominado pelos homens, principalmente em cargos de liderança, mas passou a mudar com a pandemia

“As coisas estão mudando graças à pandemia. A indústria é muito hostil, com chefs rudes e horários de trabalho horríveis. Graças à pandemia, os trabalhadores começaram a perceber o quão tóxico é esse ambiente e abandonam seus empregos, criando uma sensação de escassez. Essa é uma boa oportunidade para as mulheres intervir e viver de uma maneira mais compassiva, justa e não tóxica. Eu realmente acredito que é a nossa chance de começar a ganhar mais espaço e fazer barulho”, comenta Rocio sobre a situação no México.

Cristina destaca que no Brasil há um movimento crescente na participação feminina, até por conta de metas definidas pelas empresas com foco em diversidade. “Em operadores temos muitas mulheres em posições operacionais e menor quantidade dentre as lideranças. Assim, temos muito por fazer nessa direção”, afirma.

Imagens: Divulgação 

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