Geralmente, quando se pensa em inovação e novas tecnologias, logo associamos às indústrias e ao varejo, com o tão explorado tema da “experiência do cliente”. Porém, em um ano totalmente atípico em que podemos afirmar que o tema mais abordado pelo País e pelo mundo foi “saúde”, não podemos deixar justamente esse mercado de fora dessa.
Algumas informações gerais do segmento para levarmos em consideração no decorrer desse texto:
- O Brasil ocupa a 8° posição entre os maiores mercados de saúde no mundo;
- Contamos com uma equipe de 2,18 médicos para cada mil habitantes (sendo o 4º maior país com população médica); são mais de 6 mil hospitais e cerca de 2 milhões de enfermeiros, técnicos e auxiliares;
- Estamos no 9º lugar no ranking de países com mais gastos com saúde, um total de 8,5% do PIB (Produto Interno Bruto), o que corresponde a US$ 1.109 per capita.
Ainda assim, vale destacar que é um tema importante não só pela situação epidemiológica grave que vivemos hoje, mas sim por ser um mercado que move bilhões na economia. Você sabia que, segundo pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência a pedido do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), ser beneficiário de uma operadora ou prestadora de serviços de saúde é o terceiro maior desejo dos brasileiros? Perde apenas para educação e casa própria.
Por outro lado, com a crise econômica que gerou demissões em massa (o que acarreta na redução de milhares de beneficiários), diminuição no poder aquisitivo da população e com os custos de operação desse setor cada vez mais elevados devido à “super-utilização” desses serviços, uma das principais preocupações do mercado de saúde suplementar é a capacidade que as operadoras e os prestadores de serviços terão para administrar suas receitas e suas despesas buscando a sobrevivência do sistema.
Diante de todo esse cenário, a alternativa para manter a viabilidade do negócio passa por uma utilização mais racional e inteligente dos recursos. Neste momento, como em qualquer outro setor, formar uma estrutura de alta performance e investir em tecnologia e prevenção (no caso mais específico do setor citado, medicina preventiva) são de extrema importância.
A grande novidade para buscar justamente produtividade e otimização dos recursos são os chamados “teles”:
- Teleatendimento – Contatos diários por telefone e por vídeo;
- Telemonitoramento – Monitoramento dos beneficiários, principalmente com patologias crônicas, com pequenos aparelhos que os mantenham conectados aos médicos ou a centrais de saúde ativas;
- Tele-educação – Disseminação de toda forma de conhecimento e cultura na área de saúde, com uma linguagem do dia a dia. Reeducando as pessoas, ensinando-as que saúde não é de graça, pelo contrário, seu custo é extremamente elevado, e também mostrando de que forma a medicina pode atuar em seu favor.
Para que isso vingue, é de extrema importância uma atualização tanto das estruturas organizacionais das operadores e prestadores de serviços de saúde quanto dos profissionais que nela atuam, seja ela da parte administrativa (Comercial, Marketing, Relacionamento com o cliente, Operação, etc.) quanto dos profissionais da linha de frente (médicos, enfermeiros, etc.).
Na prática, toda essa mudança exigida pelo mercado e pelo mundo é um assunto que deve ser pautado primordialmente no Planejamento Estratégico da empresa, no qual se define (ou redefine) o propósito, metas e ambições para o próximo ciclo. A partir daí, analisar se a cultura organizacional atual tem sinergia e aderência às novas diretrizes estipuladas.
Toda essa análise muitas vezes se perde nas atividades do dia a dia da empresa, portanto buscar auxílios externos com visões isentas do negócio e experiência no mercado como um todo se torna relevante para o sucesso do futuro da empresa.
Gustavo Vieira é líder de projetos da Gouvêa Consulting.
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