Varejo alimentar amplia aposta no foodservice para atrair consumidor

Casa Santa Luzia e Hortifruti Natural da Terra são exemplos de empresas que oferecem produtos prontos

O varejo alimentar tem passado por uma intensa transformação para atender às mudanças de comportamento dos consumidores. Passou a fazer entregas mais velozes, incorporou novas formas de pagamento e novas tecnologias e focou na oferta de serviços para os consumidores. Uma das maiores tendências do setor é a integração do foodservice, o que tem tudo a ver com a busca do consumidor por conveniência e praticidade.

“O que a gente percebeu foi que começou a haver uma tendência maior de procura de produtos já pré-preparados ou até prontos para o consumo. Hoje 70% do nosso público são mulheres maduras, entre 35 anos e 45 anos, que têm o ato de amor que é a alimentação, do jantar em casa, e têm menos tempo para cozinhar”, conta Fábio Amorim, CEO da Hortifruti Natural da Terra.

Os jovens, segundo ele, também guiam essa tendência de aposta no foodservice. “Começamos a avançar para a rotisseria, onde estão os produtos prontos para consumo, que já representam 4% do nosso faturamento. Criamos duas centrais de produção, uma no Rio e São Paulo, e temos um grande desafio de tentar escalar com nossas quiches, tortas e comida pronta.”

Além disso, a rede aposta na lanchonete “Estação Natural”, montada com parceiros que já atuam em restaurantes. “Temos 2,2 milhões de clientes e uma alta identificação das vendas, o que faz com que a gente consiga saber o que realmente existe de tendência de consumo. A gente vai lançar algumas marcas de foodservice em collab, em parceria com com alguns parceiros.”

Varejo alimentar amplia aposta no foodservice para atrair consumidor
Aiana Freitas, editora-chefe da Mercado&Consumo; Graciete Rudas, nutricionista-chefe de Produção de Pratos Prontos da Casa Santa Luzia; Fábio Amorim, CEO da Hortifruti Natural da Terra; e Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice

Na quase centenária Casa Santa Luzia, em São Paulo, os clientes foram os grandes incentivadores. “Os diretores e os donos estão sempre na loja, e esse contato tão próximo dos clientes faz toda a diferença. Eles chegavam de viagem do exterior e falavam para os donos: ‘Vocês precisam fazer congelados com qualidade. A gente vê produtos são legais lá fora, mas a gente não acha aqui no Brasil. Por que vocês não fazem?’ E assim começou”, conta Graciete Rudas, nutricionista-chefe de Produção de Pratos Prontos da Casa.

A entrada no foodservice começou há 33 anos, quando quatro pratos congelados foram lançados. Em 2004, a Casa Santa Luzia ganhou uma rotisseria, também uma demanda dos consumidores, em especial das mulheres. “A gente também percebeu essa essa questão da valorização do tempo, com as mulheres cada vez mais trabalhando fora. Os pratos mais complicados de se fazer em casa são os mais vendidos.”

Para a consultora Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice, os varejistas devem encarar o foodservice como uma solução complementar ao negócio. “O produto transformado cria uma oportunidade de amplificação da margem para o varejo. Agora, algumas decisões têm de ser tomadas. Se eu crio muita complexidade, como é caso do Santa Luzia, e tenho a oportunidade de cobrar por isso do cliente, o sucesso é garantido. Do outro lado, se estou em uma localização em que público valoriza o ticket, é preciso reduzir essa complexidade. Então ofereço menos pratos, tenho menos produtos ou tenho de fato um parceiro para viabilizar isso comigo.”

Cristina Souza destaca o alto nível de exigência do consumidor – fator que também precisa ser levado em consideração na hora de levar foodservice ao varejo alimentar. “A gente precisa de apoio, de tecnologia, de operação e de profissionalização. Independentemente se a sua rede é mais ou menos sofisticada, o consumidor não tolera a falta de profissionalização numa oferta.”

E como oferecer, num prato servido no varejo alimentar, a mesma percepção de qualidade de um restaurante? “Isso é um composto de tudo o que aquela experiência vai oferecer, como a mesa limpa e o ambiente bem projetado. Se estou comprando no varejo alimentar, estou disposto a comer com talher de plástico, mas eu quero segurança de alimentos. O cliente é muito rigoroso com todos esses tipos de detalhes.”

Graciette Rudas concorda. “Realmente um produto vendido fora de um restaurante requer essa inteligência, essa experiência, essa estratégia no modo de preparo. Não dá para só replicar o que acontece no restaurante para uma venda de um produto pronto numa ou numa linha de congelados. Acredito muito em realmente trazer muito mais gastronomia para o mercado. É encantador ver realmente uma comida bem feita, com poucos ingredientes, sem aditivos. É só arregaçar as mangas para a gente melhorar o produto em si e a experiência ser muito melhor.”

O “Foodservice no Varejo Alimentar” foi tema de um dos painéis do Connection Foodservice Pós-NRA Show 2023, realizado em Itu, no interior de São Paulo, entre 2 e 4 de junho. O evento reuniu executivos do setor para debater insights e tendências apresentadas na NRA Show, em Chicago, a maior feira de foodservice das Américas.

Imagens: Aiana Freitas e @thinkupcom

Aiana Freitas

Aiana Freitas

Aiana Freitas é editora-chefe da plataforma Mercado&Consumo. Jornalista com experiência na cobertura de tendências de consumo, varejo, negócios, finanças pessoais e direitos do consumidor.

Relacionados Posts

Próxima Postagem

REDES SOCIAIS

NOTÍCIAS

Bem vindo de volta!

Entre na sua conta abaixo

Recupere sua senha

Digite seu nome de usuário ou endereço de e-mail para redefinir sua senha.

Add New Playlist