Pense em ESG ou ações corporativas de impacto social e você provavelmente vai – ou deveria – pensar em mulheres líderes que sustentam e conduzem essas causas em diferentes organizações. De acordo com o Credit Suisse, a proporção de mulheres em cargos de liderança na área de sustentabilidade é mais do que o dobro das posições de gestão de maneira geral.
Na Associação Brasileira de Profissionais de Sustentabilidade, 68% das pessoas associadas são mulheres. Os dados estão no ebook “Essas Mulheres Sustentáveis”, uma publicação independente, organizada por Velma Gregório e que traz textos de profissionais do mercado e da academia sobre temas de sustentabilidade.
Já a pesquisa Agenda ESG, substantivo feminino, realizada na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, em 2021, mostrou não apenas o protagonismo das mulheres na área, mas também o resultado disso. O levantamento traz dados quantitativos e qualitativos de 98 empresas brasileiras de capital aberto e aponta que as organizações com maior diversidade de gênero em cargos de alta liderança são justamente as que apresentam melhores resultados em ações de ESG.
A pesquisa também trouxe o que as mulheres da alta liderança identificaram em si como qualidades que as ajudam nessa atuação. Entre elas estão liderança democrática e aberta ao diálogo; alto nível de exigência; resiliência e capacidade de ser flexível e mudar o modelo mental. O estudo mostra que muitas delas se colocam no papel de fazer avançar a agenda da diversidade nas organizações onde atuam, justamente porque reconhecem que a posição que ocupam não está conquistada para mulheres em geral.
Um dos exemplos mais emblemáticos de mulheres líderes à frente de ações de impacto social nas empresas é Alexandra Palt, que além de vice-presidente executiva da L’Oréal, também é responsável pela área de responsabilidade corporativa da empresa. Entre as diversas ações lideradas por ela, está o programa “Por Mulheres na Ciência”, desenvolvido em parceria com a Unesco, e que apoia centenas de pesquisadoras em um período crucial de suas carreiras: durante suas teses ou estudos de pós-doutorado.
Também temos muitos exemplos de marcas brasileiras com líderes mulheres que dão lições sobre legado social e ambiental. É o caso da NUU Alimentos, fundada e presidida por Rafaela Gontijo. A empresa, do setor de congelados, está em uma jornada regenerativa para trazer impacto social para o cerrado mineiro e assumiu a responsabilidade de ter uma produção sustentável. Na empresa, 85% do time é composto por mulheres. Além disso, os fornecedores são locais, a produção tem compensação de carbono e a empresa faz um trabalho de compensação de embalagens.
Considerada “Heroína do ano” pela Abstartups e homenageada como empreendedora do ano pela EY, Dani Junco, CEO da B2Mamy, é outra importante liderança feminina à frente de um negócio de impacto social no Brasil. A B2Mamy é uma socialtech que conecta mães e mulheres em um hub, tornando-as líderes e livres economicamente. A comunidade dá às mulheres acesso a soluções e benefícios que facilitam, acolhem e impulsionam sua jornada.
A verdade é que exemplos do protagonismo feminino em ações corporativas de impacto social não faltam. Seja por uma questão de identificação e reparação, o que leva muitas a se dedicarem a causas de apoio a outras mulheres, por exemplo, seja por conta de características associadas à consciência coletiva e democrática, à colaboração e à sensibilidade, ou por qualquer outro motivo. O fato é que elas se destacam na liderança dessas ações, movimentam o tema no Brasil e fazem história, ensinando sobre o legado das organizações.
Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi são cofundadores da Editora MOL e empreendedores sociais integrantes da rede da Fundação Schwab.
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