Promover impacto na sociedade e no meio ambiente, gerar resultados financeiros, motivar investidores, viver o mundo digital, ter a inovação no DNA da marca e engajar clientes: ações fundamentais para elevar as empresas a um patamar de lucratividade e relevância social. Nas palavras desse texto, essa realidade parece até simples, mas, na prática, o desafio é enorme. E, no cenário atual, só quem leva tudo isso a sério sobrevive com a qualidade desejada.
Por essa razão, a sigla ESG, abreviação de “Environment, Social & Governance” (Ambiental, Social e Governança em português), está cada vez mais presente nas pautas das lideranças empresariais. O termo surgiu há 18 anos, por meio do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), mas ganhou visibilidade recentemente, sobretudo no mercado financeiro. Os profissionais, desde CEOs e gerentes até colaboradores com cargos mais baixos, estão atentos às práticas empresariais pautadas em princípios que promovem um impacto social significativo.
Vale lembrar que o termo ESG também está diretamente associado à pauta de capitalismo consciente. Ambos os termos abordam práticas de negócio que provocam, simultaneamente, impactos positivos à sociedade e à própria instituição. Atualmente, para que a competitividade seja mantida, a gerência não deve pensar na empresa como apenas uma atividade econômica que possa gerar lucro, mas, sim, como uma promotora do bem-estar ambiental e social.
Com o fácil acesso à informação, os consumidores começaram a considerar o posicionamento das empresas antes de realizar uma compra. É cobrado das instituições que as mesmas cumpram suas obrigações ambientais, sociais e de governança. Além disso, negócios que respeitam os direitos humanos contam com um melhor controle da reputação, e isso chama mais atenção dos investidores.
A tecnologia é uma grande aliada na implementação de práticas de ESG, uma vez que pode oferecer ferramentas importantes para a governança. Um exemplo é a implementação de plataformas corporativas online focadas na saúde mental dos colaboradores. Aplicativos que oferecem atendimento psicológico ganharam notoriedade especialmente durante a pandemia, quando houve a necessidade de uma preocupação maior com o bem-estar dos funcionários.
Pensando por um lado mais analítico, a tecnologia também ajuda na formação da matriz de materialidade, uma ferramenta importante na prática de ESG. A matriz precisa de dados de qualidade, adquiridos por meio de tecnologias específicas que monitoram os indicadores ambientais, sociais e econômicos dentro das empresas. Um levantamento de informações qualificado, além de auxiliar a empresa a identificar os dados mais relevantes de sustentabilidade para a elaboração de relatórios, melhora a relação com os stakeholders e investidores.
É importante pensar no ESG não só como uma estratégia de marketing, mas, também, como uma cultura de administração contínua. A tecnologia, neste contexto, facilita a realização de ações benéficas aos pilares sociais, ambientais e de governança. Contudo, os recursos tecnológicos sozinhos não geram transformações. O foco genuíno no bem-estar das pessoas e no meio ambiente é essencial para que as ferramentas tenham o resultado positivo esperado.
A conexão entre a tecnologia e as pessoas ganha, portanto, ainda mais relevância. Afinal, para que as inovações sejam aplicadas, analisadas, geridas e reestruturadas, a participação do ser humano é imprescindível, tanto como colaborador que atua no trabalho direto com a tecnologia; como quanto cliente que faz uso de determinado produto ou serviço.
Não há mais espaço, por exemplo, para empresas que desejam lucrar de forma desmedida às custas da destruição do meio ambiente e, ainda, da falta de saúde mental de seus colaboradores. A realidade é simples e, por isso, desafiadora: lucrar e crescer sem destruir as pessoas e a natureza; inovar e arriscar sem gerar insegurança para os investidores. O ponto mais importante é ter credibilidade e sustentabilidade.
Qual o DNA da sua marca? Como sua empresa está agregando valor à sociedade? Como as pessoas são tratadas no seu ambiente corporativo? Como a atividade de sua empresa impacta o meio ambiente? As respostas podem ser fáceis na teoria, mas, na prática, precisam de muito trabalho para serem expostas com veracidade e segurança.
O mundo não está mudando; ele já mudou. A transformação não está acontecendo; ela já está em processo de ampla aceleração. Em que ponto você e sua empresa estão?
Carlos Carvalho é CEO da Truppe!
Imagem: Shutterstock