Uma indústria tem a medida do seu sucesso a partir do seu crescimento, ou seja, quanto aumentou sua participação de mercado, quais foram as novas contas conquistadas, qual é sua posição no cenário regional, nacional ou global, o que, sem dúvida, é fundamental para a saúde da empresa.
Na indústria de alimentos, especialmente a que atende ao setor de alimentação fora do lar, isso não é diferente. A cultura de vendas é extremamente forte e cada conta conquistada é muito comemorada, já que os desafios para a aquisição de um cliente do setor também são muito grandes e passam por construir relações com distribuidores, estar próximo aos operadores, demonstrar que o seu produto realmente se encaixa/performa de maneira a entregar o melhor para aquele negócio e, claro, vencer o recall de marca dos seus concorrentes.
Mas vender mais não basta para a perpetuidade de uma indústria de alimentos. A dinâmica de consumo dos alimentos assumiu uma jornada extremamente ampla. O consumidor busca o melhor para sua saúde, está aberto a inovações, não quer impactos ao meio ambiente ou aos animais, quer soluções que despertem suas memórias afetivas, quer consumir algo inovador que ele não sabe ainda o que é, quer controlar as calorias, quer indulgência, quer que a sua decisão de compra tenha um impacto em uma pequena comunidade e quer muito mais. Como responder a tudo isso?
A indústria de alimentos, além de seguir atenta e atuante em relação às vendas e serviços agregados, precisa ser orientada à inovação. Mas não a inovação corriqueira, voltada às pequenas melhorias de embalagem e de adequação à legislação. Sim, isso é necessário, porém, só isso, não fará a diferença. A área de pesquisa & desenvolvimento das indústrias precisa de espaço e impulso para se antecipar e assegurar os lançamentos dos próximos 2, 5 ou até 10 anos.
O curto prazo e a reatividade, especialmente baseados nos movimentos da concorrência, tornam a inovação de baixo impacto e entrega a visão aos times de marketing e vendas de que é preciso combater o tempo todo (os argumentos do concorrente, as decisões dos clientes pela mudança e a fidelização dos seus canais de distribuição), gerando muita transpiração e colocando em risco o sucesso e perpetuidade antes conquistados.
Cada vez mais, acompanhamos empresas de todos os segmentos que perderam o ritmo da inovação e simplesmente desaparecem. A inovação de impacto é a chave para o sucesso da indústria de alimentos.
Nota: Para estimular a indústria brasileira a romper com esse ciclo, nós, da Gouvêa Foodservice, estruturamos com a IBI-Tech de Israel um movimento que permite a indústrias brasileiras de todos os portes acessarem o ecossistema de foodtechs e agritechs de Israel de forma organizada e consistente. Trabalhamos para tornar o Brasil relevante na agenda dessas empresas, expor nossos desafios e receber deles as melhores soluções para vencermos as grandes batalhas do mercado.
Em conjunto com a IBI-Tech, iremos apoiar desde os desafios de redução de sódio, açúcar, gorduras saturadas sem desestruturar a formulação de nossos produtos, entender ou assumir a produção de proteínas cultivadas como uma vertical complementar aos seus negócios, democratizar a produção de leite vegetal para que ele possa ser um componente presente na própria indústria, entender como a inteligência artificial generativa pode apoiar na formulação de novos produtos, entre outros.
É um processo consultivo, imersivo, amplamente apoiado por especialistas e que não depende da nossa vontade, mas sim, da decisão da sua empresa.
Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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