“Na última 6ª feira aconteceu o Fórum Lide de Varejo 2024, reunindo líderes do setor para discutir o presente e o futuro do varejo global e seus impactos na realidade local.
O evento começou com uma homenagem ao Abilio Diniz quando Geyze Diniz e Ana Maria Diniz, esposa e filha do Abilio, receberam uma escultura de Bia Dória evocando o que Abilio plantou e semeou no setor empresarial e em especial no varejo.
Sérgio Zimmerman, da Petz, Jorge Gonçalves do IDV, Vander Giordano, da Multiplan, Luciana Medeiros da PwC, Thomaz Machado, da Scantech, Alexandre Birman, da Arezzo&Co, Jordana Barros, da Telhanorte Tumelero, e Pablo Becker foram os debatedores.
Ao final foi compartilhada a Carta do Evento, condensando o que foi apresentado e discutido.”
Carta Fórum Lide Varejo 2024
Definitivamente são tempos de transformações estruturais, profundas e abrangentes que envolvem o varejo do mundo e com forte impacto no Brasil.
Na sua origem todas as mudanças precipitadas pelo avanço da tecnologia e o digital e combinadas com a evolução do omniconsumidor, com muitas opções de escolha entre canais, marcas, modelos e condições de pagamento.
E ainda os processos estruturais de mudanças no mercado gerando a desglobalização do varejo físico e a metaglobalização do digital.
Tudo isso evolui para o crescimento da competitividade, a pressão sobre a rentabilidade e a tendência à concentração.
Esses processos concomitantes aceleram a adoção cada vez mais ampla da tecnologia para buscar eficiência, produtividade e respostas para o cenário ainda mais complexo.
E que incorporam a massificação de acesso à Inteligência Artificial, exigindo um reposicionamento amplo das lideranças empresariais de quaisquer setores, mas em particular do varejo, comércio e consumo, pela aceleração da velocidade dos processos em transformação.
Nesse amplo quadro competitivo global, os fatores específicos do Brasil ainda geram adicionais desafios para os líderes desses setores.
A desigualdade social se aprofunda. A reforma tributária em regulamentação deve gerar aumento da carga das empresas que pagam os impostos, ainda que com importante simplificação processual.
Um dos temas específicos da nossa realidade é a condescendência e omissão com a inequidade tributária entre os varejistas e fornecedores locais em relação aos players globais, que operam através do cross border.
E mais a crença dogmática de um Estado mais forte e provedor ao invés do saudável e desejável liberalismo econômico que reconhece as vantagens da economia de mercado.
Nesse reconfigurado e cada vez mais desafiador cenário é fundamental que o setor empresarial, de forma ampla, esteja alinhado em defesa dos princípios do liberalismo econômico e atentos à tendência de obrigar a Nação a pagar pela visão do Estado maior, desigual e pesado, que passa a conta para a iniciativa privada.
A ausência de líderes empresariais históricos, que nos conduziram até aqui pela força de suas ideias e capacidade de mobilização, precisa ser substituída pela necessária integração das cadeias de valor dos diversos negócios e da busca do melhor para a Nação e pelo alinhamento e atuação mais presente, decisiva e ativa.
Não basta constatar, analisar e pregar. É precisa agir de forma diferente do passado para fazer precipitar o necessário reposicionamento.
O que hoje discutimos, avaliamos e constatamos neste fórum do Lide, como em todos os demais que têm sido realizados, é que sejamos indutores de uma mudança ampla, consciente e decisiva do setor empresarial.
Agora e antes que seja tarde e custoso demais para a Nação.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Divulgação (Evandro Macedo/ LIDE)