A Shein vem revolucionando o mercado global com um modelo operacional altamente eficiente, baseado em dados, agilidade e uma conexão direta com o consumidor, redefinindo a indústria da fast fashion e estabelecendo novos padrões no comércio eletrônico internacional, com uma abordagem inovadora que integra perfeitamente a criação de demanda com a entrega de suprimentos.
De acordo com a Hubscore, a Shein é a varejista de moda preferido dos EUA, com faturamento mensal estimado entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões. Esse é o modelo direto ao consumidor na sua máxima potência. Eles mandam seus produtos direto da China para a casa de seus clientes, com um preço extremamente competitivo.

Como eles conseguem isso? O diagrama abaixo retrata seu processo operacional e revela o segredo por trás dessa máquina de inovação, e há lições valiosas para o nosso mercado.
Depois de estudar o modelo, separei três grandes insights:
Data-driven design: o cliente define o produto
A Shein usa Inteligência Artificial e web crawlers (robôs que rastreiam a internet em busca de dados) para capturar tendências em tempo real, analisando cores, estampas e estilos mais populares. O resultado? Uma produção extremamente assertiva e sem desperdícios.
Insight para varejistas brasileiros: Precisamos explorar mais o potencial dos dados que giram no nosso mercado e nos negócios, para antecipar demandas e evitar estoques deficitários.
Supply chain ultrarrápida: da ideia ao produto final em dias
Enquanto marcas tradicionais levam meses para lançar uma coleção, a Shein consegue desenhar, produzir e entregar um novo item em menos de duas semanas. Para fast fashion, timing e assertividade são críticos. Isso só é possível porque sua cadeia de suprimentos é totalmente digitalizada e integrada.
O desafio para o Brasil? Investir em processos integrados, menos burocráticos e mais ágeis, reduzindo o tempo de resposta ao mercado.
Marketing hiper-personalizado: o anúncio certo para a pessoa certa
A Shein não joga dinheiro fora com publicidade genérica. Seu modelo de marketing é 100% baseado em performance e dados, direcionando anúncios hipersegmentados para públicos específicos via redes sociais, SEO e parcerias com influenciadores.
No Brasil, muitas marcas ainda gastam milhões sem a devida personalização. O futuro do varejo está na segmentação precisa.
O que faz da Shein um fenômeno não é apenas preço baixo, mas sim a combinação de tecnologia, dados e um modelo operacional enxuto e integrado de ponta a ponta. O varejo brasileiro tem muito a ganhar ao repensar sua forma de criar, produzir e vender.
Alexandre van Beeck é executivo de CX, Inovação, Estratégia e Negócios.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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