A polarização política, as incertezas econômicas, a crescente desigualdade e as mudanças climáticas vão continuar avançando no mundo, que será dominado pela “policrise” em 2025. Essa é apenas uma das forças motrizes que vão moldar o cenário macroeconômico e de negócios nos próximos anos.
Esse foi o tema da palestra liderada por Andrea Bell, vice-presidente de Insights para o Consumidor da WGSN, na 13ª edição do Retail’s Big Show, um dos mais importantes eventos do mundo voltados para o varejo, que acontece até terça-feira, 17 de janeiro, em Nova York.
“A pandemia elevou o nível de estresse, deixando as pessoas perto da ira. Estamos mais ansiosos do que nunca. A inflação vai tirar o sono da população em 2023. A confiança do consumidor caiu e isso é um alerta, pois vai piorar antes de melhorar”, diz.
Segundo ela, as empresas precisarão repensar os modelos de negócios tradicionais, tornando a natureza e suas necessidades parte da estrutura operacional central.
“A sustentabilidade tem que fazer parte da cultura das companhias. Sustentabilidade na cadeia de produção. Sustentabilidade na cadeia colaborativa. Sustentabilidade no dia a dia da empresa. Essa tendência na verdade cria oportunidades, como unidades ecológicas e um tipo de revolução de energia solar. As empresas podem aproveitar e se adequarem neste sentido”, revela Andrea.
A grande migração
Outro ponto impactado diretamente pela pandemia foi o que Andrea chama de ‘A Grande Migração’. Quem trabalhava nos escritórios passou a fazer home office. E mesmo com o fim da pandemia, muitas empresas mantiveram a opção do trabalho remoto. Essa mudança tornou possível os chamamos de nômades digitais, que são aquelas pessoas que podem viver onde quiserem por ter um trabalho 100% remoto.
“As pessoas estão migrando de um lugar para o outro e foram incentivadas pela pandemia. Isso não tem a ver apenas com trabalho. As pessoas estão saindo de lugares onde não se sentem à vontade. Lugares onde sofrem preconceito. Saindo de grandes centros e voltando para suas cidades de origem. São inúmeras situações. E as empresas têm que saber lidar com isso”, garante.
Cultura digital descentralizada
Andrea destacou outras duas importantes forças globais para os próximos anos: a descentralização da cultura digital e a criatividade sintética.
“Hoje a digitalização não está apenas em um lugar. Temos aplicativos para diferentes usos, para diferentes pessoas. Um jovem utiliza a internet de um jeito diferente de alguém que é 20 anos mais velho. E temos até a geração que já passou pelo digital e que agora está saindo dele, como os millenials. As empresas têm que entender as oportunidades criadas por isso. Cada uma se adequa ao seu público. E do melhor jeito possível”, alerta.
Criatividade sintética
E falando sobre a tal criatividade sintética, a inteligência artificial já é uma realidade. “Inúmeras empresas já estão utilizando a IA, de maneiras distintas. Desde o atendimento personalizado à produção em escala. Hoje em dia, os quadros já são pintados por inteligência artificial. Obras de artes podem constar na parede de lojas a cada semana sem a dedicação de um renomado pintor. E as pessoas se identificam. E até gostam disso. Hoje em dia preferem até um influenciador digital feito por uma IA a uma pessoa real”, revela Andrea.
E a VP de Insights do Consumidor da WGSN finalizou o painel com um alerta: “as empresas que quiserem estar prontas para o futuro devem se modernizar e seguir adiante com iniciativas dentro desses cinco pilares (policrise, natureza, migração, descentralização da cultura digital e criatividade sintética). Se adaptar às mudanças da sociedade é fundamental para a sobrevivência”.
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