Quando o Brasil sofre os reveses dramáticos gerados pela pandemia combinados com a cizânia instaurada no plano político, potencializando o quadro de instabilidade, desigualdade, empobrecimento e desalento, é necessário pensarmos e construirmos o futuro, pois é nele que viveremos os próximos anos.
Daí porque tão necessário estudar, entender e pensar a reconfiguração da Sociedade, do Mercado, Consumo e Varejo daqui para frente, impactados pelo crescimento e protagonismo das organizações no modelo de Ecossistemas de Negócios.
Para além dos dramas gerados nos mais diversos setores, o País que vai emergir desse período será muito diferente, lamentavelmente para pior, daquele que entrou nesse ciclo dramático de nossa História na saúde, na política e no mundo dos negócios. Mas num aspecto positivo ele estará redesenhado pela liderança emergente das organizações estruturadas na forma de Ecossistemas de Negócios, desenvolvidas e repensadas exatamente durante esse período.
Chamou a atenção de muitos quando o Carrefour, na semana passada, ao anunciar seu movimento estratégico incorporando o portfólio de negócios anteriormente pertencente ao Walmart Brasil, em seu comunicado público se autonomeou um Ecossistema de Negócios e se tornou Big Carrefour. Fez todo o sentido se assumir e reposicionar dessa forma para marcar a profunda transição que já vinha trabalhando, mas que ao mercado parecia mais a expansão habitual de corporações de varejo do que uma transformação estrutural e estratégica na sua forma de pensar, agir, crescer e organizar.
E é o mesmo movimento que B2W/Americanas fizeram integrando negócios, também numa visão não assumida de Ecossistemas. Da mesma forma que Magalu assume e busca novas frentes de oportunidades. E o mesmo acontece com Via Varejo e Mercado Livre. E que serão seguidos por outros mais. E em seguida irão evoluir combinando entre si, e com novos entrantes, em setores da saúde, transporte, alimentação, comunicação, entretenimento e serviços.
Sempre lembrando que são os serviços que representam perto de 70% do PIB das economias mais modernas e maduras.
Essa é uma das principais razões para quem exerce papel de liderança no mundo dos negócios, em particular nos segmentos ligados a consumo, distribuição, comunicação, finanças e varejo, e na Sociedade como um todo, debruçar-se sobre o tema das organizações em Ecossistemas de Negócios, pelo impacto que sua evolução trará. Independentemente dos dramas atuais vividos pelo Mundo, potencializados no Brasil por nossa atávica vocação para piorar o que já é ruim.
A realidade estará transformada pelos novos modelos de organização e estas estão mudadas em sua Cultura, Valores, Gestão, Governança e Liderança como resultado, e necessidade, gerados pelo modelo de organização em Ecossistemas de Negócios.
Tudo isso de forma absolutamente dinâmica, sendo repensados a cada momento, e balizado por realidades setoriais e locais em que o que aconteceu na China, e em quaisquer outros mercados, pode ser uma referência, um ponto de partida, mas está longe de ser um espelho a se mirar.
Por conta disso, todos que estejam buscando reais referências para buscar e encontrar caminhos em meio à desordem atual terão de, necessariamente, dedicar mais tempo a pensar, pesquisar, analisar e, principalmente, agir, orientados pela nova realidade precipitada pelo futuro normal, e protagonismo, dos Ecossistemas de Negócios no Brasil e no Mundo.
Nota: Nos dias 27 e 28 de maio, teremos o programa especial exclusivo Ecossistemas de Negócios Made in Brazil, com foco integral na discussão do tema no Mundo e seus impactos, oportunidades e características no Brasil, com a participação de Mark Greeven, reconhecido autor de algumas das mais importantes publicações sobre o assunto e parceiro estratégico do Ecossistema Gouvêa.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvea Ecosystem.
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo