Um dos setores mais atingidos pandemia da Covid-19, a educação precisou fechar as salas de aula já em março de 2020 para respeitar o isolamento social imposto e evitar a disseminação do coronavírus. Com a expertise adotada pela adoção do modelo híbrido de ensino, em 2017, a Ânima Educação, organização que coordena 27 instituições de ensino no Brasil, migrou do ambiente presencial para o digital no intervalo de apenas uma semana.
“Quando as escolas foram fechadas na pandemia, em cinco dias levamos os estudantes para ter aula em casa, em segurança, e todos os nossos professores e funcionários”, conta Marcelo Bueno, cofundador e presidente da Ânima Educação, em entrevista exclusiva ao Mercado&Consumo.
A jornada de transformação digital que permitiu essa agilidade foi iniciada com mudanças de metodologia, processos e organização para que a tecnologia estivesse presente em todas as áreas da companhia. “Inspirados pelos movimentos de outros setores, escolhemos [adotar] um modelo híbrido pensando que no futuro o estudante escolheria quanto utilizaria de tecnologia na sua aprendizagem e preparamos três chassis: o online, com o EAD, o semipresencial e o presencial”, diz.
Com a reorganização, os 300 colaboradores que integravam um bunker de TI, em Belo Horizonte, foram remanejados e hoje formam 25 times multidisciplinares (squads), focados em uma etapa da jornada do aluno ou do professor. “Nós mapeamos a jornada do estudante, em um projeto chamado J2A (Jornada do Aluno Anima), e fomos atacando as dores pelos squads. Isso é uma grande oportunidade”, diz.
Grade curricular
Com uma comunidade de mais de 350 mil alunos, a Ânima conta com um portfólio de 27 marcas que atendem 75% do território nacional. Em maio, a rede anunciou a aquisição de todos os ativos brasileiros do grupo norte-americano Laureate, que envolve as marcas Anhembi Morumbi, FMU e Business School São Paulo, em São Paulo; Universidade Salvador, na Bahia; Universidade Potiguar, no Rio Grande do Norte; Centro Universitário Ritter dos Reis e Centro Universitário FADERGS, no Rio Grande do Sul; e o Centro Universitário IBMR, no Rio de Janeiro.
A Ânima detém as verticais de conhecimento, que são oito marcas especialistas em suas áreas de atuação, como HSM, HSM University, EBRADI (Escola Brasileira de Direito), Le Cordon Bleu (SP), SingularityU Brazil, Inspirali e Learning Village, além do Instituto Ânima.
Por meio de uma metodologia própria, o E2A (Ecossistema Ânima de Aprendizagem), o currículo da Ânima traz uma abordagem modular e interdisciplinar, que permite ao estudante conectar-se com as diferentes disciplinas de cada curso.
Cada unidade curricular (UC) é uma nanocertificação. Com isso, o estudante vai juntando certificações e formando a sua trilha informativa como um Lego. “Ainda estamos combinando diferentes plataformas para fazer um chassi único e híbrido. É uma caminhada longa de integração”, conta Marcelo Bueno.
Fintechs vão facilitar o acesso à educação
Para Bueno, um dos principais problemas no Brasil é o acesso à educação de qualidade, pois a cultura de financiamento estudantil no Brasil ainda é inicial. “Infelizmente, o Brasil tem um problema de renda, mas, com as fintechs, estamos vendo boas oportunidades de facilitar meios de pagamento. Acho que as fintechs vieram para atacar essa situação e mostrar que é possível oferecer educação de qualidade para qualquer jovem”, afirma.
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