Foco no cliente, automação e ecossistemas são as chaves do pioneirismo em inovação da China

Especialista em tecnologia da Ásia fez parte de uma série de palestrantes do Latam Retail Show 2022

Enquanto o Brasil começou a vislumbrar a chegada da tecnologia de internet móvel de quinta geração (5G) em meados de agosto deste ano, em 2020 a China já era o país mais conectado em 5G do mundo, com mais de 400 mil antenas por suas ruas. A chave para entender o futuro do Ocidente está em observar o país asiático, pioneiro em diversas tecnologias, e seu novo normal.

É o que diz Pascal Coppens, autor do livro China’s New Normal: How China sets the standard for innovation e um dos palestrantes do Latam Retail Show 2022, que aconteceu entre os dias 13 e 15 deste mês no Expo Center Norte, em São Paulo. A Mercado&Consumo é parceira de mídia e fez uma cobertura especial do evento.

A diferença entre a China e os outros países é que ela não espera as tendências emergirem para construir a sua versão. O país não quer seguir os demais, mas sim ser o melhor e reescrever a história. Histórias com novas tecnologias“, explica Coppens. 

O executivo conta que o gigante asiático tem o customer centricity, a automação e a criação de ecossistemas como fortes pilares de sua cultura comercial. Em um Sales Day, um dos grandes festivais de compras do país, companhias como Alibaba direcionam suas plataformas e algoritmos ao consumidor, chegando a faturar US$ 4 bilhões em vendas durante a data.

Coppens conta que a China, que registra 500 mil pacotes sendo entregues diariamente, se utiliza de entregas robotizadas para cumprir os prazos e realizar toda a logística em datas com grandes volumes de compras.

“Com esse volume de entregas, o consumidor receberia sua compra 40 anos depois de realizar o pedido se contássemos apenas com entregadores humanos. O segredo é a automação; a China é totalmente automatizada”, complementa. 

Live streaming e metaverso

Em uma sociedade que diminui cada vez mais as fronteiras entre o digital e o físico, Coppens conta que o comércio da China é ditado atualmente por influenciadores. Com tendência semelhante no Brasil, micro-influenciadores são embaixadores de grandes marcas, se apresentando como ponte para usuários assíduos de redes sociais e potenciais consumidores. “Na China, todo mundo está se tornando influenciador. Até agricultores hoje em dia fazem lives para mostrar ao mundo que também têm algo a dizer”, diz.

Para o palestrante, empresas que não investem em ferramentas como live streaming e plataformas de vídeos estão fadados a viverem no passado. Com o consumidor se tornando cada vez mais digitalizado e se utilizando de canais ominichannel, as companhias tendem a se tornar, elas mesmas, também imersas no universo digital. “O live streaming e o metaverso não são o futuro, são o hoje”, finaliza. 

Imagem: Gabriel Maciel

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